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Opinião: Madeira tratada é aliada da conservação de florestas

Adoção de técnicas de tratamento significa reduzir a necessidade de cortar novas árvores


Prolongar a vida útil da madeira através da adoção de técnicas de tratamento significa reduzir a necessidade de cortar novas árvores
Flavio C. Geraldo*

Hoje cada árvore tem a sua importância. Nossas florestas sempre foram solicitadas, para suprir crescentes demandas pela indústria da transformação, em resposta às necessidades da população. Na construção, na indústria moveleira/embalagens, na obtenção de matéria prima para a fabricação de papel, na produção de carvão e para inúmeras outras finalidades. As árvores sempre estão presentes como fonte de matéria prima.

A madeira é vital como recurso natural renovável para as gerações futuras, o que nos leva a conclusão: as florestas existentes devem ser adequadamente manejadas. Afinal, existem poucos substitutos para a madeira. Uma das maneiras mais eficazes de contribuir com a conservação de nossas florestas é a colheita racional e a certeza da sua durabilidade em uso.

Prolongar a vida útil da madeira, com adoção de técnicas adequadas de tratamento, significa reduzir a necessidade de cortar novas árvores, sejam de florestas nativas ou cultivadas. Com apoio de novos tratamentos, existe uma redução de extração de madeira, e maior conservação de nossas florestas, uma vez que assegura maior durabilidade em situações, a qual pode ocorrer à deterioração, em especial por fungos ou insetos, como cupins e brocas.

Como exemplo no Canadá, levantamentos indicam que a utilização de madeiras destinadas ao uso externo, em especial em sistemas construtivos, contribui para a conservação de uma área de aproximadamente 5,5 mil Km² todo ano, um quarto da área de Estado de Sergipe, simplesmente pelo prolongamento da vida útil das madeiras em uso. No Brasil estudos de desempenho de peças em condições reais de serviço são escassos e inexistentes.

Estruturas de sustentação de pontes ferroviárias construídas com madeiras tratadas no Canadá têm apresentado durabilidade superior a 70 anos, sob condições altamente agressivas e sujeitas a cargas significativas. Quando realizado dentro dos rigores técnicos, os produtos e processos de tratamento disponíveis ao mercado asseguram a proteção contra as intempéries e organismos deterioradores, garantindo a durabilidade necessária.

O tratamento realizado sob pressão em autoclave garante a penetração e fixação de ingredientes ativos nas paredes dos capilares da madeira. Tais procedimentos são realizados em unidades industriais denominadas Usinas de Preservação de Madeiras, o procedimento não altera a características essenciais da madeira, tornando-a uma madeira mais durável. A madeira tratada é utilizada principalmente como peças estruturais, empregadas pela engenharia civil.

Nos Estados Unidos a produção de madeira tratada em Usinas da Preservação de Madeiras, atinge um volume aproximado de 17,0 milhões de m³ ao ano, já no Brasil estima-se que essa produção esteja por volta dos 1,2 milhões de m³. O interessante é que nos EUA, ao redor de 70% da produção são destinados ao setor da construção, enquanto que no Brasil, 60% da produção são destinados ao setor rural, em especial como mourões para cercas. Parece ter chegado o momento de praticarmos as regras do valor agregado, afinal, só no setor da construção estima-se que dos 22,0 milhões de m³ de madeira serrada, obtidos das florestas nativas brasileiras, ao redor de 4,6 milhões de m³ vão para a construção civil

A indústria voltada à preservação de madeiras está estruturada para o atendimento de grandes demandas. As legislações existentes podem garantir uma retaguarda de qualidade e legalidade, proporcionando aos mercados consumidores, total conforto para uma transição gradativa ao uso da madeira tratada obtida de cultivos. A ABPM está em curso com um programa de qualificação de produtores de madeira tratada, envolvendo a concessão de uso do selo de qualificação, indicando aos mercados consumidores de madeira, as fontes confiáveis de suprimento.

Nota: Texto baseado em parte no artigo “Wood Preservation Canada – Environmental Stewardship” (www.woodpreservation.ca).

*Flavio C. Geraldo - Diretor da ABPM - Associação Brasileira de Preservadores de Madeira

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