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Opinião: O discurso do governador

Campeão nacional do agronegócio, MT carece de estrutura de logística


Por José Antonio Lemos dos Santos
Campeão nacional do agronegócio, MT carece de estrutura de logística

Em seu discurso na abertura da 48ª Expoagro, o governador Silval Barbosa fez um apelo ao ministro da Agricultura para que ajudasse Mato Grosso na questão da logística. Nada mais certo, pois o estado é hoje o campeão nacional do agronegócio, o maior produtor de grãos do país, liderando a produção de soja, girassol e milho, maior produtor também de algodão e de gado, e um dos maiores em outras produções como a carne suína e de frango, o álcool e o biodiesel.

Aliás, com todas as credenciais produtivas de Mato Grosso, seria até mais justo exigir do que pedir. A União faz muito tempo deve apoio a Mato Grosso. O exemplo do governador deveria ser seguido por toda a bancada federal mato-grossense, compromissando cada um em fazer ao menos um discurso por mês cobrando da União o apoio que o estado precisa e tem direito.

Nunca costumamos dar atenção aos extraordinários resultados que Mato Grosso oferece ao país através da determinação e do trabalho de sua gente. Quase um quarto (23,4%) da produção de grãos do Brasil é de Mato Grosso! E isso produzido em apenas 8% do território estadual, podendo dobrar essa sua já fantástica produção sem desmatar uma árvore sequer, como muito bem destacou o governador em seu discurso. E este ano Mato Grosso disparou.

O segundo estado maior produtor de grãos, muito abaixo, é o Paraná com 19,6% e depois o Rio Grande do Sul com 12,3% da produção total. Show de produção: Mato Grosso já produz quase o dobro do Rio Grande do Sul, que tanto invejávamos como produtor.

Tem mais, de janeiro a maio deste ano Mato Grosso produziu o terceiro maior superávit comercial entre os estados brasileiros com US$ 5,37 bilhões, só perdendo para Minas Gerais com US$ 8,74 bilhões e para o Rio de Janeiro com US$ 5,44 bi. E assim tem sido. Nos últimos anos Mato Grosso vem contribuindo com cerca de 1/3 dos superávits anuais brasileiros. Isso significa que Mato Grosso traz para o país mais de 1 dólar de cada 3 que o Brasil ganha no exterior.

Daria para duplicar Cuiabá – Sinop, Cuiabá – Rondonópolis, Cuiabá – Cáceres, construir uma base aérea em Cáceres, hospitais, escolas técnicas, a tão sonhada e necessária ferrovia ligando Rondonópolis a Cuiabá e Sinop, e ainda sobrar muito troco. Por ano! E o que tem ganho da União em troca? Só mais e mais momentos para chorar seus mortos e mutilidados tombados nas rodovias federais, vergonhosas e criminosas. Já tem mais de 10 anos que estão duplicando o trecho Rondonópolis – Cuiabá e só conseguiram fazer 20 km!

Ainda agora, assistimos a Infraero aprontar o projeto de ampliação de Aeroporto Marechal Rondon, mais de 3 após Cuiabá ter sido escolhida como sede da Copa do Pantanal! Três anos para um projeto! Só lembrando Castro Alves e indagar a Deus, meu Deus, mas que bandeira é esta que impudente sobre nós tripudia?

No dia seguinte, o ministro inauguraria em Sinop o primeiro laboratório da Embrapa no estado. Depois de décadas de espetáculo em produção agropecuária, só agora Mato Grosso ganha um laboratório da Embrapa. Tomara que ajude, pois as forças produtivas do estado sozinhas já mostraram o que são capazes de fazer, e fazer muito bem, também no campo das pesquisas avançadas. Do discurso do governador só não entendi por que se limitou a apelar pela FICO.

Para o estado, acabou a ligação ferroviária de Cuiabá a Rondonópolis e a Sinop? E por que não pediu também a aceleração da duplicação rodoviária de Rondonópolis a Posto Gil. É bom lembrar que o maior “importador” de Mato Grosso ainda é o Brasil, e para os mato-grossenses é melhor que essa carga percorra seu estado a ser desviada para Goiás e Bahia.

Além do que as rodovias e ferrovias não devem existir apenas como esteiras exportadoras, mas como canais para levar e trazer o desenvolvimento.

JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS, arquiteto e urbanista, é professor universitário em Cuiabá

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