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Opinião: Propostas mais ousadas para a Rio+20

Brasil deve aproveitar o fato de ser o anfitrião e um dos países mais próximos da matriz ideal de economia sustentável


Por *Luiz Carlos Corrêa de Carvalho

Brasil deve aproveitar o fato de ser o anfitrião e um dos países mais próximos da matriz ideal de economia sustentável
As diversas áreas do governo brasileiro envolvidas com a preparação da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que acontece no Rio de Janeiro em junho, precisam levar para a reunião um tema que seja de interesse global e que conte com o apoio de todos os países que participarão dos debates.

Não é tarefa fácil, uma vez que as discussões que acontecerão na conferência envolvem interesses conflitantes, com os países desenvolvidos querendo priorizar somente os temas ambientais e o Brasil, ao lado dos países em desenvolvimento, firmando pé no tripé ambiental, social e econômico.

Apesar da delicada tarefa, nós, do agro, entendemos que os negociadores brasileiros deveriam ousar propondo como tema central algo do tipo “Segurança Alimentar e Energética com Sustentabilidade”. Ele tem um forte apelo humanitário, atacaria a questão da fome no mundo, que segundo dados da FAO, a organização da ONU para Agricultura e Alimentação, afeta atualmente 800 milhões de pessoas.

Essa seria uma proposta concreta, factível, sem opositores e sobre a qual todos os países poderiam desenvolver ações graduais, como ocorre com a redução das emissões dos gases prejudiciais à camada de ozônio. Ninguém melhor que o Brasil para apresentar tal proposta, pois além de ser o anfitrião do encontro é, reconhecidamente, quem mais tem contribuições a dar em termos de produção de alimentos e energia a partir da biomassa de forma ambientalmente sustentável.

Afinal de contas, nenhum outro país do mundo consegue mostrar o espetacular ganho de produtividade agrícola registrado pelo agronegócio brasileiro nos últimos 20 anos – aumento de 30% na área plantada contra crescimento de 180% na produção de grãos. Foi esse expressivo ganho de produtividade que impediu que 57 milhões de hectares tivessem de ser desmatados para a produção.

Se isso não bastasse, vale recordar que o Brasil é o único país do mundo que instalou, desenvolveu e vem aprimorando a cadeia produtiva do etanol a base de cana-de-açúcar, um combustível limpo. Nesse sentido, temos de fazer valer o peso de uma das nações que mais próxima está da matriz ideal de economia sustentável e sermos mais ousados.

Além de recordar tudo o que o agro já fez em favor da área ambiental, é importante também avançar no campo das propostas de medidas concretas e que não sejam meras promessas ou intenções. Aqui podemos relacionar, por exemplo: medidas tributárias na área de agroenergia, como imposto zero para a cadeia do etanol; desburocratização efetiva do Programa ABC – Agricultura de Baixo Carbono; mostrar que o Código Florestal é uma conquista do País e não um drama.

Outro fator de estímulo ao protagonismo brasileiro nessa questão da sustentabilidade vinculada a segurança alimentar é o fato de que, a partir deste ano, o diretor da FAO é o brasileiro José Graziano da Silva. O Brasil tem, portanto , a oportunidade de oferecer à ONU essa medida e até contribuir para reforçar a credibilidade da entidade no mundo.

Por fim, além de mostrar os avanços em termos de agricultura sustentável, levar para a Rio+20 a proposta de segurança alimentar e energética com sustentabilidade reforçaria a posição de liderança brasileira num mundo atualmente carente de líderes.

Luiz Carlos Corrêa de Carvalho é presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag).

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