Em março o ovo obteve o melhor preço de 2018. Ou, retrocedendo um pouco mais no tempo, a melhor remuneração desde setembro de 2017. E ninguém esperava que fosse diferente, pois, afinal, vivia-se o período de Quaresma. Mesmo assim é forçoso reconhecer que a Quaresma mais recente não foi como a de um ano atrás, transcorrida entre março e a primeira quinzena de abril. Pois, comparativamente a março/17, o preço alcançado neste ano foi 10,59% menor. E quando comparados os preços da Semana Santa de 2018 com os de idêntico período de 2017 constata-se que essa redução chega a surpreendentes 23%.
Levado em conta o comportamento habitual do setor, essa constatação é preocupante. Pois, em geral, é no período de Quaresma que o ovo atinge as melhores cotações de cada exercício. Ou seja: a tendência, agora, é de baixa. Algo que, ocorrendo, pega o setor no contrapé, pois os custos continuam ascendentes.
Veja-se, a propósito, a relação de preços entre o ovo e o milho, principal fator de custo da produção. Em 2016, ano da grave crise no abastecimento do grão, uma caixa de ovos adquiria (mês de março) não mais que 1,6 saca de milho. Um ano depois, com a baixa sensível do cereal, a mesma caixa de ovos voltou a adquirir mais de duas sacas de milho – como em anos anteriores à crise. Pois agora, no final de março, a capacidade de compra do ovo estava fortemente reduzida. Adquiria apenas 1,7 saca de milho, 4% a mais que na crise de 2016. Mas 30% a menos que há um ano.
Em suma, nas circunstâncias atuais, dificilmente o poder de compra será reposto. E não só porque os custos irão continuar elevados, mas sobretudo porque há algum tempo o ovo vem sofrendo contínua desvalorização. Basta olhar o gráfico abaixo: em sete dos últimos nove meses o preço do produto foi inferior ao de idêntico período anterior.
Infelizmente, não há sinais de que isso possa se modificar no curto prazo.
