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País disputará Ásia para manter-se líder na exportação de carne

Para se consolidar na posição, o País quer abrir os mercados asiáticos


Brasil já conquistou a liderança mundial nas exportações de carne bovina em receita e volume. Correndo por fora, o Brasil conseguiu passar à frente da Austrália e alcançar a liderança nas exportações mundiais de carne bovina em receita. Agora, para se consolidar na posição, o País quer ir direto ao filé mignon: abrir os mercados asiáticos, que pagam o dobro da média mundial. A meta é iniciar o segundo trimestre do ano que vem com missões comerciais para os principais alvos: Japão, Coréia do Sul e Taiwan.

Se o Brasil conseguir exportar já em 2007 para estes países, aumentaria em cerca de 100 mil toneladas - 5% do volume embarcado neste ano - o que representaria um acréscimo de quase US$ 500 milhões - 12,5% da receita cambial de 2006. A expectativa da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) é crescer até 10% em volume e 15% em receita no ano que vem, ante aos R$ 4 bilhões e 2,35 milhões de toneladas (em equivalente carcaça) previstos para o fechamento de 2006.

O presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, diz que os três países alvo na Ásia têm tarifas menores e preços mais altos. O Japão é o terceiro maior importador mundial de carne, atrás apenas dos Estados Unidos - também na mira brasileira - e Rússia. O executivo afirmou que as conversas com os potenciais compradores começarão assim que se encerrar o "episódio de Mato Grosso do Sul", referindo-se ao foco de febre aftosa em 2005, que provocou embargos - alguns ainda vigentes - às carnes.

Pratini de Moraes diz que, dos três países, o mais difícil de abrir é o Japão, mas uma alternativa brasileira será exportar carne do gado japonês wagyu, criado no Brasil. O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, não acredita que estes mercados possam ser abertos já no ano que vem. "Eles não compram de países que vacinem seus animais", afirma Ferraz. Em sua avaliação, os potenciais mercados serão abertos em cinco anos e os Estados Unidos, cujo processo foi interrompido diversas vezes com as recorrências de focos de aftosa, até 2010. "Mas quando o Brasil entrar nestes mercados, terá crescimento sustentado", acredita Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Segundo ele, muitos países têm como referencial os mercados mais exigentes para a liberação de compras.

Liderança

Até novembro, o setor acumulou US$ 3,59 bilhões em 2,2 milhões de toneladas embarcadas, acréscimo de 27% e 10,74%, respectivamente. Segundo os dados da Abiec, no mês passado, pela primeira vez, o Brasil passou à frente da Austrália em receita: US$ 100 mil a mais no acumulado do ano. Desde 2004 o País é líder em volume exportado. "Nossa liderança é fruto do aumento do preço e do volume, da maior diversificação de mercados e do crescimento das vendas de produtos de maior valor agregado", afirma Pratini de Moraes.

De acordo com o secretário-executivo da instituição, Antônio Camardelli, a liderança deste ano não será pontual porque em 2007 a Austrália não tem como ampliar sua produção - o país vive em um período de seca - além de o Brasil voltar a poder exportar do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, embargados desde 2005.

Entre os principais embargos que preocupam os exportadores está o chileno. A perda com esta restrição é superior a US$ 200 milhões. Pratini de Moraes disse que o Brasil precisará fazer um "toma lá, dá cá", ou seja, mostrar as fragilidades daquele país - descobriu-se corantes proibidos no salmão chileno - para que eles reabram o mercado. O setor produtivo quer que o governo, diante deste fato, reveja seu acordo sanitário com o Chile.

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