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Para Fernando Monti, atual desafio de Bauru é identificar e isolar o vírus H1N1

Para Fernando Monti, atual desafio de Bauru é identificar e isolar o vírus H1N1


Depois que a cidade de Bauru registrou cinco casos de gripe suína - sendo dois importados e três contraídos aqui mesmo - e diante do fato de Botucatu, distante cerca de 100 quilômetros, ter registrado uma morte pela doença, o secretário municipal de Saúde Fernando Monti afirmou que o município tem pela frente dois grandes desafios.

Um deles é o desafio clínico, ou seja, diagnosticar corretamente a doença, discernir qual é o vírus que está atacando o paciente. O outro é isolar o vírus H1N1, causador da gripe suína, e assim reduzir ao máximo o risco de contágio.

Mesmo afirmando que não há nenhuma evidência de que o vírus da gripe suína circula livremente pela cidade, o secretário esteve reunido na semana passada com representantes de instituições públicas e privadas de saúde para encarar um desses desafios, o de isolar o vírus.

Para isso, os hospitais e clínicas do município devem adotar alguns cuidados, como por exemplo, evitar que pacientes com sintomas de gripe fiquem em contato com outros que não estão contaminados. A recomendação é oferecer máscaras a esses pacientes com o intuito de evitar que o vírus se espalhe pelo ambiente, ainda mais em um ambiente hospitalar, por onde passam muitas pessoas, várias delas com o sistema imunológico debilitado devido a outras doenças.

Além de oferecer máscaras aos pacientes, foi recomendado às unidades de saúde que coloquem esses pacientes em salas separadas enquanto aguardam atendimento médico. Se possível, o atendimento também deverá ser feito em uma sala diferente daquela onde os demais são atendidos. Tudo com o propósito de evitar ao máximo a propagação do vírus.

O próprio secretário reconhece que nem todas as unidades de saúde têm condições de atender a essas recomendações. Segundo ele, algumas unidades não têm espaço suficiente para tratar os pacientes com os sintomas da gripe suína de forma isolada.

De acordo com o prefeito Rodrigo Agostinho, nenhuma cidade do mundo está preparada para enfrentar esse novo tipo de gripe de maneira adequada. Segundo ele, Bauru tem instalações para acomodar as vítimas dessa doença, mas em número reduzido.

Ele comenta que se a gripe suína continuar afetando os moradores da cidade no ritmo atual, os hospitais e clínicas de Bauru conseguem atender a demanda. “Mas é difícil saber até onde a doença vai chegar”, pondera.

Rodrigo lembra que pouco tempo atrás houve a gripe aviária, que chegou a preocupar bastante, mas desapareceu de “uma hora para outra”. Segundo ele, pode ser que aconteça o mesmo com a gripe suína, mas pode ser também que ela venha provocar muitos estragos pelo planeta.

Quanto aos exames para confirmar ou descartar a doença, conforme foi divulgado pelo JC na semana passada, eles não serão mais feitos em todo e qualquer suspeito. A partir de agora, os testes serão feitos em apenas duas circunstâncias: se os sintomas forem mais graves e em caso de surto - quando outras pessoas que tiveram contato com o doente também apresentarem os sintomas da gripe.

Na opinião do secretário, diante dessa restrição é possível que a demanda por exames seja menor do que a que vinha ocorrendo antes dessas novas recomendações do Ministério da Saúde.

Atendimento separado

Seguindo as recomendações da Secretaria Municipal de Saúde, desde quinta-feira da semana passada o Hospital Beneficência Portuguesa passou a atender os casos suspeitos de gripe em salas isoladas. Quando o paciente chega e diz que está lá para tratar a gripe, é colocado em uma sala separada e recebe uma máscara. Quando chega sua vez de ser atendido pelo médico, o atendimento também ocorre em uma sala separada. Tudo isso para evitar o possível contágio da doença.

Ontem, não havia ninguém no local para falar oficialmente em nome do hospital, mas segundo apurou o JC, o movimento teria aumentado cerca de 60% desde que foi declarado que o vírus da gripe suína circula pelo País.

Em outro Pronto-Socorro da cidade, o da Unimed, a procura por atendimento continua inalterada, segundo informou a assessoria de imprensa da instituição. Apesar do receio que tomou conta de parte da população, não houve aumento no número de consultas. De acordo com a assessoria, o hospital está preparado para tratar isoladamente os casos suspeitos de gripe suína, mas até ontem, nenhum havia sido registrado.

No Pronto-Socorro Municipal, nenhuma enfermeira quis se pronunciar sobre o assunto e a reportagem não conseguiu contato com os diretores para saber se o local já se adequou ou irá se adequar às novas regras.
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Apesar do medo da população, unidades de saúde registram domingo tranqüilo

A notícia de que o vírus da gripe suína já circula livremente pelo País deixou a população mais preocupada do que já estava. Com isso, aumentou a correria em busca de atendimento médico nos Pronto-Socorros da cidade. Mas ontem, a movimentação nesses locais esteve tranqüila durante todo o dia.

A reportagem visitou o Pronto-Socorro Municipal e o da Beneficência Portuguesa na tarde de ontem e notou que as filas à espera de atendimento eram pequenas. Em conversa com funcionários, o Jornal da Cidade apurou que a movimentação nos dias anteriores haviam sido bem maiores, mas o dia ontem estava calmo.

No Pronto-Socorro Municipal (PSM), poucas pessoas aguardavam atendimento por volta das 16h. Em outras ocasiões, os bancos na sala de espera não eram suficientes para acomodar todos os pacientes. Aliás, essa é a cena mais comum de se ver por lá.

A calmaria reinava inclusive no setor de urgência e emergência infantil, onde havia poucos pais à espera de uma consulta. Mas, segundo funcionários, ontem foi uma exceção. A regra é o local estar sempre cheio. Ainda mais em época de gripe, como agora, e com o vírus da gripe suína circulando. Basta um espirro e uma febre para que algumas pessoas procurem o médico.

O pediatra e alergista Felinto dos Santos Neto, um dos médicos plantonistas de ontem no Pronto-Socorro Municipal, aproveitou a presença da reportagem para fazer um alerta. Ele disse que as pessoas que suspeitam de gripe suína devem procurar o PS apenas quando os sintomas estiverem mais bem definidos.

Segundo ele, muitos estão procurando atendimento no estágio inicial da doença. Com isso, o PS fica lotado e facilita a propagação da gripe. Se o paciente não estava com gripe suína, corre o risco de sair do PS com a doença. Como há aglomeração de pessoas em um local fechado, se alguém ali presente estiver contaminado, as chances de contaminar outros são grandes. O alerta vale especialmente para as crianças, porque são mais vulneráveis ao contágio por não terem o sistema imunológico totalmente formado.

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Tamiflu foi retirado das prateleiras de farmácias

O Tamiflu, único remédio eficaz no combate à gripe suína comercializado no Brasil, não está mais à venda nas farmácias de Bauru. A decisão de não renovar os estoques das farmácias foi tomada em abril último e segue um pedido feito pelo governo federal para que todo o estoque disponível fosse direcionado para o Ministério da Saúde.

Por sua vez, o ministério está repassando o medicamento apenas para os hospitais, onde são tratados os casos confirmados da doença. Centralizar o controle de remédios em casos de epidemias é um processo comum e também acaba sendo uma forma de evitar a automedicação por meio da comercialização em farmácias.

Cada caixa do Tamiflu vem com dez comprimidos, que correspondem a um tratamento para uma pessoa. O paciente com suspeita da gripe, conforme os sintomas, deve tomar dois comprimidos por dia durante cinco dias. Cada caixa era vendida a um preço médio de R$ 160,00.

De acordo com informações da balconista Cristina Guerreiro, que trabalha em um farmácia na quadra 6 da avenida Duque de Caxias, o governo acertou em proibir a comercialização. Segundo a funcionária, todos os dias tem alguém que liga ou vai até a farmácia querendo comprar o Tamiflu. Mesmo três meses após o fim das vendas em farmácias, a procura continua intensa.

A farmacêutica Nádia Rodrigues Pontes diz que a procura na farmácia em que trabalha, na avenida Getúlio Vargas, nunca foi grande, mas de vez em quando tem alguém que procura. Por outro lado, a venda de máscaras desde o início foi e continua sendo grande. Segundo ela, as pessoas estão com medo e procuram se proteger da maneira que podem.

Nádia conta que eles próprios têm vontade de usar máscaras dentro da farmácia porque estão em contato o tempo todo com pessoas gripadas. Mas se por um lado a máscara pode proteger os funcionários, por outro pode espantar os clientes. Segundo análise dela, ao ver os funcionários da farmácia usando máscaras, os clientes podem pensar que alguém lá dentro está contaminado.

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