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Paraguai: Produtores de MT vivem momentos de instabilidade

Os produtores com lavouras de soja no país vizinho temem que os campesinos paraguaios invadam suas terras e depredem bens e propriedades


Produtores rurais mato-grossenses com lavouras de soja no Paraguai vivem momentos de instabilidade e insegurança. Eles temem que os campesinos (sem-terra), paraguaios que têm aterrorizado os agricultores no país vizinho, invadam suas terras e depredem bens e propriedades. A situação se agravou após o governo do Paraguai ter anunciado a compra de 22 mil hectares de terrenos para grupos de sem-terra que ameaçam realizar ocupações em massa de fazendas para reivindicar a reforma agrária, inclusive propriedades de brasileiros.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) não tem um levantamento sobre o número de produtores mato-grossenses com terras no Paraguai. “Sabemos que são muitos, por isso estamos preocupados com o clima de instabilidade que toma conta de todos naquele país”, afirmou o presidente da entidade, Glauber Silveira. A Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) também não forneceu detalhes sobre a situação dos ‘brasiguaios’, como são conhecidos os produtores brasileiros no país vizinho.

Calcula-se que cerca de 300 mil brasileiros, muitos deles com extensas explorações agrícolas, morem ao longo da linha fronteiriça com o Paraguai. A maioria se dedica ao cultivo de soja, principal fonte de divisa daquele país.

Em várias regiões agrícolas do país, centenas de sem-terra estão acampados ao redor das fazendas e granjas agrícolas sob ameaça de ocupá-las, após uma trégua acordada com o governo. Os manifestantes argumentam que, no passado, grandes extensões de terra foram cedidas a pessoas que não participavam da reforma agrária e que o cultivo mecanizado de soja depreda as florestas e polui o meio ambiente com as fumigações maciças.

A onda de insegurança no Paraguai teve início depois que o presidente Fernando Lugo tomou posse. Segundo os produtores, um grupo de campesinos confia na proteção de Lugo, já que durante sua campanha ele defendeu uma reforma agrária radical e dizia que o Brasil explorava o Paraguai pagando valor "indevido" pela energia da usina hidrelétrica de Itaipu.

Para os produtores, esta postura de Lugo, durante a campanha, inflamou o ânimo de um grupo de cerca de cinco mil campesinos que estão provocando toda a confusão.

FAMASUL - Hoje, no Paraguai, para se plantar soja ou milho o produtor tem de solicitar uma licença ambiental. Isso porque os produtos são considerados mercadoria para exportação. "Acontece que é muito difícil conseguir a tal licença e quase ninguém está plantando", disse por telefone o vice-presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel.

“Estes campesinos, muitas vezes chegam às propriedades e ameaçam os trabalhadores dizendo para não plantarem soja nem milho. Além disso, eles depredam áreas de plantio e até equipamentos. É um verdadeiro terrorismo o que eles fazem", relata.

Na avaliação da Famasul, a população paraguaia, em sua maioria, não é contra a presença de brasileiro, mas os campesinos têm uma opinião diferente e querem expulsar todos estrangeiros das terras paraguaias.

A área de maior atuação dos campesinos é na fronteira com o Brasil, justamente a região onde soja e milho são plantados. E também onde há a maior quantidade de terras pertencentes a brasileiros. "Toda essa instabilidade no Paraguai preocupa muito o produtor brasileiro que tem terras lá", frisa o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira.

O governo paraguaio garantiu que as fazendas de colonos e fazendeiros brasileiros nas regiões produtoras de soja serão protegidas de possíveis ocupações e ameaças de sem-terra paraguaios.

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