Em 2002 o Brasil importou cerca de 67,5 mil ton de algodão, cerca de 17% a menos do que em 2001. Do total importado no ano passado, 54% teve como origem o Paraguai, cuja participação foi de apenas 38% em 2001 e de 20% no ano de 2000. O aumento da participação do Paraguai nas importações brasileiras basicamente é reflexo da redução significativa da cotonicultura na Argentina, antes o principal fornecedor ao mercado brasileiro.
Juntamente com o aumento da participação do Paraguai, houve também o incremento das importações de algodão dos EUA, que passaram de 3,3 mil ton em 2001 para 20 mil ton em 2002.
A maior parte do produto comprado no exterior é destinada ao Nordeste, cuja distância do Centro-Oeste tem permitido e viabilizado os custos de importação, inclusive em regime de "draw back", quando a indústria se isenta da taxa de importação (TEC) nas vendas posteriores de produto acabado.
Mesmo com o aumento da participação dos EUA, o Paraguai continuará sendo o maior fornecedor de algodão para o Brasil.
A partir desta safra 2002/03, o Paraguai passará a ser o 3° maior produtor das Américas, ultrapassando definitivamente a Argentina. A área plantada no país está estimada neste ano em 250 mil ha, cerca de 100 mil ha a mais do que na safra anterior. Com este aumento no plantio, o Paraguai terá condições de produzir neste ano 87 mil ton de algodão, com uma produtividade média ainda muito pequena de 348 kg/ha. Observando este nível de produtividade, podemos estimar que o potencial de crescimento da oferta neste país ainda é muito grande.
Com o baixo consumo interno, mais de 70% do algodão do Paraguai estará disponível para as exportações, ou seja, em torno de 65 mil ton neste ano, podendo com tranqüilidade assumir toda a demanda por importações no Brasil.
Mas o aumento da competitividade americana preocupa o setor produtivo. Segundo informações da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o produto importado dos EUA em 2002 ficou em média a US$ 38,95 cts/lp FOB porto origem, enquanto o algodão do Paraguai foi importado em média a US$ 40,55 cts/lp FOB, superior em 4%. Para evitar a entrada do produto subsidiado dos EUA, o Ministério da Agricultura terá no curto prazo que continuar lançando mecanismos que viabilizem a competitividade do algodão do Centro-Oeste para a região Nordeste, como através do PEP (Prêmio de Escoamento da Produção).
A necessidade da intervenção do Governo seria muito menor, se houvesse a viabilização de novas tecnologias que reduzissem os custos de produção no Centro-Oeste, na melhoria da infra-estrutura de escoamento da produção brasileira ou no incentivo à própria produção do algodão no Nordeste. Enquanto isto não acontece, é bem provável que o algodão americano continue a aumentar a sua participação na demanda têxtil nacional.