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Paraná eleva produtividade e reduz custos na lavoura de café

Aumento da produtividade do café em cerca de 30%, redução do custo de produção em torno de R$ 13,00 em cada saca do produto beneficiado e índice de 82% de adoção de boas práticas agrícolas


Aumento da produtividade do café em cerca de 30%, redução do custo de produção em torno de R$ 13,00 em cada saca do produto beneficiado e índice de 82% de adoção de boas práticas agrícolas, como adubação equilibrada e manejo integrado de pragas e doenças. Estes são alguns dos resultados do projeto “Treino & Visita”, desenvolvido no Estado do Paraná. A metodologia foi criada pelo Banco Mundial e adaptada para a realidade brasileira a partir de 1996 pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Embrapa Soja.

Com o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), coordenado pela Embrapa Café, o programa consolidou-se com o diferencial de avaliar o resultado efetivo da adoção de novas tecnologias, otimizando o desempenho da cafeicultura do Paraná. O resultado positivo levou o “Treino & Visita” a integrar o Programa Nacional de Transferência de Tecnologia do CBP&D/Café. O objetivo é incentivar os principais Estados produtores a aderirem à metodologia, entre os quais Rondônia, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo.

Na avaliação do Iapar, o “Treino & Visita” vem confirmar que a articulação e organização entre os agentes do agronegócio café facilitam a implementação dos resultados das pesquisas e inovações tecnológicas efetivamente no campo. O coordenador de Difusão de Tecnologia do instituto, Marcos Valentim Ferreira Martins, aponta que o foco está na interação entre a pesquisa, a assistência técnica e produtores rurais, com a formação e treinamento de técnicos multiplicadores que repassam as tecnologias e tornam a cafeicultura mais competitiva e sustentável. “Depois de quase dez anos do início do programa, a articulação entre os elos da cadeia produtiva do Paraná é exemplar, principalmente entre a pesquisa e a extensão, com reflexos no desempenho dos cafeicultores”, destacou.

Estrutura:

Edson José Trento, especialista em cafeicultura da Emater e membro do Núcleo de Transferência de Tecnologia do CBP&D/Café, avalia que o programa motiva o estabelecimento de parcerias dinâmicas para o desenvolvimento de projetos conjuntos, onde o fortalecimento da cafeicultura está à frente das políticas institucionais. Desta forma, acredita o técnico, o conhecimento científico flui dos institutos e campos experimentais para a realidade do elo produtivo, que, organizado, tem mais força para enfrentar os obstáculos não apenas tecnológicos, mas também de gestão e comercialização.

O trabalho em rede torna mais ágil o processo de transferência e adoção de tecnologias e influi diretamente na elevação da renda, melhoria da preservação ambiental e do ambiente produtivo dos cafeicultores atendidos pelo projeto. “O treinamento acompanha o calendário da cultura de maneira qualitativa e oportuna, permitindo o estabelecimento de referências em produtividade, qualidade e redução de custos”, ressaltou Trento.

Multiplicação - No Paraná, o programa “Treino & Visita” atende primordialmente grupos de pequenos produtores, com lavouras de até cinco hectares e mão-de-obra familiar, características que representam cerca de 80% da cafeicultura no Estado. Neste sistema, os produtores recebem orientações sobre o correto manejo da cultura, que por sua vez fornecem aos pesquisadores e técnicos os resultados e dificuldades para adoção das tecnologias. Os produtores são envolvidos nos debates sobre as soluções para os gargalos que enfrenta no dia-a-dia da lavoura.

O efeito é multiplicador. Existem os comitês técnicos, compostos por pesquisadores e por técnicos especialistas da extensão rural, chamados de técnicos multiplicadores. Esses são responsáveis pelos grupos técnicos de campo, que orientam os grupos de produtores organizados. Os elos compõem uma rede de conhecimento e troca de experiências, com acompanhamento constante, organização e comprometimento entre os grupos do programa.

Expansão:

O Iapar acredita na possibilidade de expandir o programa em nível nacional, levando a tecnologia para outros Estados produtores. Mas o especialista em difusão de tecnologia, Marcos Valentim, adverte que é necessário envolver pessoas realmente engajadas e comprometidas com o programa. A formação de multiplicadores deve ter supervisão e gerência do processo, para evitar falhas de integração entre os grupos envolvidos. “É um método eficaz. Se alguma tarefa deixar de ser feita, é possível saber de quem era a responsabilidade pela execução”, enfatizou o especialista do Iapar.

Assim como cada região cafeeira tem suas diferenças e enfoques, o programa “Treino & Visita” também deve ser flexível diante das regionalidades e prioridades de cada Estado. No Estado de São Paulo, por exemplo, pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC) e profissionais da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) estão empenhados em construir um projeto de integração que venha incentivar o fortalecimento da cafeicultura paulista, principalmente diante da concorrência com culturas como a cana-de-açúcar, que se expande por tradicionais regiões cafeeiras. A versatilidade da metodologia “Treino & Visita” permite o fortalecimento da cafeicultura como importante atividade de desenvolvimento econômico e social.

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