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Paraná retoma o manejo integrado de pragas

Meta é redução do número de aplicações de veneno nos campos do Estado que registra uso excessivo do produto


Reduzir o número de aplicações de pesticidas nas lavouras de soja, milho e trigo, evitar o extermínio dos inimigos naturais das pragas e diminuir a exposição de pessoas aos efeitos dos venenos são as principais metas do Manejo Integrado de Pragas (MIP-PR), programa aprovado pelo governo do estado e que será coordenado por instituições governamentais, como a Emater e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

Não bastassem os benefícios ambientais, o manejo de pragas traz um importante ganho ao produto e ao agronegócio brasileiro. Segundo Lauro Molares, entomologista da Emater e coordenador do MIP-PR, a redução do número de aplicações de veneno possibilitaria uma economia de R$ 200 milhões ao ano na cultura da soja.

Esse cálculo toma como base a diminuição do número de aplicações de quatro - a média atual - para cerca de duas, que foi a média alcançada pelos produtores depois de um programa de manejo integrado de pragas de soja desenvolvido pelo governo na década de 1980 até 1999.

O programa da década de 1980 foi levado à África pela FAO - organismo da Ogranização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - como modelo de controle de pragas a ser adotado. O projeto era desenvolvido pela Emater e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e treinou e capacitou dezenas de técnicos. "Os resultados foram impressionantes", avalia Morales, que participou do projeto. Porém, a partir do ano 2000, houve um desaquecimento do projeto e a Emater passou a se dedicar a outros programas.

Hoje, o manejo integrado deve ser retomado, em função da situação em que as lavouras se encontram. "A aplicação desordenada de produtos, alguns bastante agressivos, provocou um aumento do número de aplicações. Se nada for feito, é possível que se avance da média de 4,06 para 5 ou 6 aplicações", alerta o técnico.

Outro efeito negativo da prática é o ataque de pragas antes consideradas secundárias. Ácaros e algumas lagartas da soja que tinham baixa infestação, hoje ameaçam a lavoura e exigem aplicação de defensivos. A aplicação desnecessária transforma possíveis aliados em um problema para o produtor.

Em outros casos, o agrotóxico possibilita a infestação de insetos numa fase em que não representa qualquer ameaça à lavoura. Morales cita o exemplo do percevejo. Ele explica que o ciclo de vida do percevejo é de 80 dias. Em alguns casos, o inseto aparece no início da safra, remanescente do período anterior. "Nessa fase, ele não representa problema porque está no fim da vida, tem pouca mobilidade e está mais sujeito a doenças, parasitas e predadores". diz.

Além de dispensável, a aplicação do agrotóxico provoca outro problema. Os parasitóides, inimigos do percevejo, precisam dos ovos deste para pôr os seus ovos. "O agricultor erra duas vezes porque desperdiça e contamina o ambiente e ainda acaba com o inimigo natural", explica.

Agora a experiência da soja será estendida ao milho e trigo. Segundo Morales, os técnicos já estão fazendo levantamentos sobre as culturas. O trabalho envolvendo a três culturas é importante porque ocupam o mesmo espaço geográfico.

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