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Parceria China-Nigéria pode favorecer internacionalização do etanol

O detalhe é que o etanol que será gerado virá do sorgo sacarino


Investimentos da China anunciados recentemente para ampliar a produção de etanol na Nigéria são um forte componente que pode incentivar a internacionalização do produto, avalia o diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa. Informações divulgadas no Portal Biofuels Digest no início do ano citam investimentos de US$2,55 bilhões na construção de 15 usinas.


“A aposta chinesa tornará ainda mais amplo o uso e a fabricação dos biocombustíveis no mundo,” destaca Sousa. Segundo o executivo da UNICA, o aumento da produção nigeriana pode representar novos mercados para o etanol. “Sua localização geográfica privilegiada deve contribuir com a exportação de biocombustíveis, principalmente para a Europa. Quanto mais demonstrarmos as vantagens energéticas e ambientais do etanol, mais nações seguirão o exemplo da China,” enfatiza.

Sorgo Sacarino

Do total previsto para a construção das usinas, 70% será custeado pelos chineses. O detalhe é que o etanol que será gerado virá do sorgo sacarino, uma planta nativa africana que tem características muito semelhantes às da cana-de-açúcar.

O governo nigeriano estima que cerca de 120 mil empregos diretos e 750 mil indiretos serão criados com a construção das usinas em diversos estados do país, como Ondo, Osun, Kwara, Kogi, Benue, Gombe, Bauchi, Zamfara, Kano, Kaduna, Nasarawa e Plateau.

Atualmente a produção de etanol na Nigéria gira em torno de 100 milhões de litros por ano, embora as vendas ainda sejam restritas às indústrias químicas e de bebidas. A ideia é que as novas usinas possibilitem o avanço em outras frentes, como em biocombustíveis. As obras da primeira usina, na cidade de Ekiti, na região sudoeste do país, devem começar até abril deste ano.

Exemplo brasileiro e E10

O diretor da UNICA lembra que o solo e o clima da Nigéria são muito semelhantes aos do Brasil, o que dá ao país uma imensa vantagem competitiva para a produção de biocombustíveis. “Como boa parte dos países africanos, os nigerianos possuem características necessárias para a instalação e ampliação das atividades da indústria sucroenergética. No entanto, é importante que tais investimentos sejam pautados por rígidas normas de práticas socioambientais,” alerta o executivo.


Em meados de 2005, a Nigéria e outros 191 países, ratificaram o Tratado de Kyoto, comprometendo-se a adotar medidas mais rígidas para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa. No final do mesmo ano, o governo nigeriano fechou um contrato de compra de etanol anidro com a Petrobrás, visando a mistura de 10% de etanol à gasolina, o chamado E10, mas a ideia não progrediu.

Com os novos empreendimentos no setor sucroenergético, as lideranças nigerianas retomam o assunto e prometem para breve a adoção do E10, o que levaria a uma economia de três milhões de litros diários de gasolina. “A mistura servirá como exemplo para outros países africanos. Algo bom para a cadeia produtiva e melhor ainda para o meio ambiente,” conclui o diretor da UNICA.

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