Os bancos que operam no mercado brasileiro estimam que a dívida financeira da Parmalat no país pode chegar perto de R$ 1 bilhão, quase o dobro do valor divulgado no balanço da empresa.
Os novos cálculos levam em conta parte da dívida que estaria nas holdings Parmalat Empreendimentos e Administração e Parmalat Participações, ambas de capital fechado, que controlam a Parmalat Indústria de Alimentos, única que publica suas demonstrações financeiras.
No balancete de setembro da Parmalat Alimentos, o último disponível, a dívida da empresa operacional no Brasil era de R$ 564,7 milhões. Desse total, R$ 317,4 milhões eram dívidas bancárias e R$ 181,2 milhões, compromissos com fornecedores.
Poucas instituições financeiras têm garantias dos créditos concedidos à empresa. Apenas alguns bancos que fizeram operações com a Parmalat Alimentos têm recebíveis da companhia dados em garantia. Mas mesmo esses recebíveis dependem do funcionamento normal da empresa, situação que se torna cada vez mais difícil com o fechamento das linhas de crédito.
Segundo o Valor apurou, os bancos de capital nacional têm quantias pequenas a receber. As dívidas da Parmalat estão concentradas em instituições estrangeiras. Fontes do setor bancário e advogados acreditam que uma opção para a empresa seria recorrer à concordata também no Brasil.
Na área operacional, apesar de a Parmalat ter afirmado a fornecedores de leite que irá pagá-los no dia 16 de janeiro, produtores têm dúvidas se o compromisso será mesmo honrado. Em Brasília, a empresa teria condicionado o pagamento à reabertura das linhas de crédito dos bancos, embora a Parmalat negue a versão oficialmente.
Ontem (07-01), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul informou que vai sugerir a abertura das contas da companhia no país. A Parmalat deve entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões aos produtores pelo leite entregue em dezembro. No Rio, a empresa tem dívida de R$ 2,3 milhões com 11 cooperativas.