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Parmalat tem até julho para acordo com credores no Brasil

Executivos da subsidiária brasileira negociam com bancos sem descuidar do lado operacional


A Parmalat tem até julho para fechar um acordo com seus credores no Brasil, quando se completa um ano do início da concordata. Abalada pelo escândalo contábil na matriz italiana, revelado há quase um ano e meio, executivos da subsidiária brasileira negociam com bancos sem descuidar do lado operacional, e esperam fechar 2005 com geração de caixa positiva.

"Temos em julho agora uma data bastante importante, o vencimento da primeira parcela da concordata. Até lá teremos que chegar a uma solução", afirmou nesta quinta-feira o presidente da Parmalat Alimentos, Nelson Bastos, que está deixando a presidência-executiva da Parmalat Alimentos mas manterá o posto de presidente do Conselho.

Ele não forneceu detalhes da proposta apresentada aos 17 bancos credores, representados por um comitê, mas comentou que o mais comum, nesses casos, é alongar o endividamento. Bastos também descartou a troca de dívida por ações, que faz parte da solução na Itália.

A Parmalat italiana protagonizou um grande escândalo contábil em dezembro de 2003, com a revelação de que uma conta bancária de bilhões de euros era falsa. Houve desdobramentos nas subsidiárias em todo mundo.

No Brasil, que já foi o negócio mais importante do grupo na América Latina, linhas de crédito foram fechadas e algumas fábricas chegaram a parar. A Parmalat Alimentos chegou a sofrer intervenção judicial e outras unidades --como a holding Parmalat Participações-- são alvo de investigação pela Polícia Federal por suspeita de transferências ilegais de recursos.

Tamanho da dívida:

Pelos termos da concordata, concedida à Parmalat no Brasil em agosto último, a empresa tem que pagar 40 por cento da dívida a credores quirografários (sem qualquer privilégio ou preferência) ao final de um ano da proteção judicial contra falência. O restante, 12 meses depois.

Há divergências sobre o endividamento do grupo no país, pois há valores em discussão na Justiça, segundo a assessoria de reestruturação de negócios Íntegra, contratada pelo administrador da Parmalat na Itália, Enrico Bondi, para reformular os negócios no mercado brasileiro.

De acordo com o sócio da Íntegra Renato Carvalho Franco, o montante é de cerca de 1,8 bilhão de reais. No auge da crise, as informações eram de algo superior a 1,5 bilhão de dólares. Franco está confiante de que haverá uma solução de consenso entre todos, o que impediria, por exemplo, pedido de falência da Parmalat Alimentos e da holding.

Com a saída de Bastos do dia-a-dia da unidade operacional, a administração executiva da Parmalat Alimentos será exercida pelos diretores financeiro, comercial e superintendente, todos contratados sob orientação da Íntegra.

Operações ganham fôlego:

A confiança no fechamento de um acordo com os credores é explicada, em parte, pela melhora das operações. No ano passado, a geração de caixa da Parmalat Alimentos foi positiva em apenas um mês. A expectativa é que isso aconteça no consolidado de 2005.

A Parmalat Alimentos espera faturar cerca de 1,2 bilhão de reais em 2005, contra receita bruta de 755 milhões de reais no ano passado. As oito fábricas estão em funcionamento e a captação mensal de leite, que chegou a cair a 10 milhões de litros durante a crise, está em cerca de 50 milhões de litros.

Uma estratégia é a produção para terceiros, como de marcas próprias para grandes redes de supermercados. Nessa frente, a Parmalat está perto de fechar contrato em biscoitos e sucos.

"O negócio de marcas próprias não vai ser mais de 15 por cento da nossa receita. O objetivo é ocupar a ociosidade. Ainda que a margem seja pequena, ela é adicional ao que a gente tem hoje", observou o presidente da Parmalat Alimentos.

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