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Pecuaristas ameaçam suspender a venda do boi gordo


Pecuaristas do Estado de São Paulo irão se mobilizar para suspender, por 30 dias, a venda de boi gordo para os frigoríficos exportadores. O objetivo é forçar uma elevação nos preços da arroba do boi, cujo preço oscilou, nesta 2a. feira (21-02), entre R$ 58,00 e R$ 59,00. O movimento será realizado também em outros Estados produtores.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Domingos Ishii, que também faz parte da diretoria da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), os pecuaristas estão sendo convocados para reuniões que devem ocorrer a partir da próxima semana em Presidente Prudente, Marília e Araçatuba, principais regiões de pecuária de corte no Estado.

Ishii participou, na semana passada, com outros 1.300 pecuaristas de todo o País, de uma reunião realizada na Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), em Goiânia, quando a proposta da suspensão das vendas foi aprovada. Os pecuaristas decidiram também criar centrais de vendas de bovinos e incentivar a instalação de frigoríficos a partir de cooperativa de produtores.

"É o resultado de um trabalho que iniciamos através do Sindicato Rural de Presidente Prudente para denunciar a formação de cartel dos frigoríficos exportadores", afirmou Ishii. Ele havia participado também de um encontro com pecuaristas na Federação da Agricultura do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande.

De acordo com o líder sindical, os preços pagos pelos frigoríficos estão inviabilizando a atividade. " A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) tem as estatísticas: no ano passado houve um aumento de 67% nas exportações e 37% de aumento nos preços pagos pela carne exportada. Neste mesmo período o valor pago pela arroba do boi caiu 12%." Ele disse que já levou a questão ao ministro da Agricultura e Pecuária, Roberto Rodrigues, e ao Fórum Nacional da Pecuária de Corte. "O esforço valeu a pena, pois a classe vai se mobilizar de verdade para reverter esta situação."

O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, cuja entidade representa fazendeiros, não concorda com o boicote às vendas. "Seria uma medida antipática, pois vai prejudicar a população que come carne." Ele considera mais razoável reduzir a oferta para obrigar os frigoríficos a pagar um preço que considera mais justo, a partir de R$ 70,00 a arroba. "Ao invés de não vender, o pecuarista deve fazer seu preço. Se o frigorífico não pagar, ele deixa o boi no pasto."

Segundo Garcia, a UDR vai realizar, com outras entidades, um abate técnico, no início de março, em Presidente Prudente, para comprovar que o rendimento de carcaça do boi está sendo subestimado pelos frigoríficos. De acordo com ele, na média, o pecuarista recebe pela carcaça 52% do peso vivo do animal, mas deveria estar recebendo pelo menos 55%.

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