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Pecuaristas de Rondônia investem em frigorífico


Os pecuaristas de Rondônia se uniram para criar um frigorífico na região e, desse modo, elevar os preços pagos pelo gado e exportar carne para os Estados Unidos, Inglaterra e Irã. Para isso, conseguiram crédito de R$ 14,4 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O frigorífico da Cooperativa Rondoniense de Carne Ltda. (Cooperocarne) estará em operação em até 15 meses, abatendo 750 animais por dia, sendo que 80% devem ser destinados ao mercado externo.

Atualmente, os cerca de 400 cooperados, que têm um plantel estimado em 500 mil reses, comercializam toda a produção apenas com um grande frigorífico de São Paulo. "Não temos margem de negociação", afirma Ramiro Souza, diretor financeiro da Cooperocarne. Segundo ele, sem concorrência, o gado está sendo vendido a R$ 48 a arroba, enquanto na maiores regiões produtoras, como São Paulo e Mato Grosso do Sul, é comercializado a R$ 61 e R$ 57 a arroba, respectivamente. Além disso, Souza diz que a indústria paulista não tem condições de absorver toda a produção dos pecuaristas locais. A cooperativa atende produtores em todo o Centro-Sul do estado, mas o frigorífico ficará instalado no município de Pimenta Bueno (RO).

Além dos recursos do BNDES, os cooperados vão investir outros R$ 6 bilhões na construção da unidade industrial, que deve gerar até 500 empregos diretos e outros 2 mil indiretos. Com esse volume, a Cooperocarne pretende erguer um frigorífico de última geração para atender às exigências internacionais de exportação de carne. "Já temos contatos com compradores nos Estados Unidos, Inglaterra e Irã", afirma Souza. Segundo ele, os contratos só poderão ser firmados depois que a unidade estiver em operação.

A expectativa é que as obras, já iniciadas, estejam concluídas até o início de 2006. A capacidade de abate inicial será de 550 animais por dia, mas na planta poderão ser abatidos até 750 bovinos diariamente. Souza diz que a idéia inicial era exportar toda a produção, mas como os pecuaristas querem diversificar os compradores, parte dos abates será destinada ao mercado interno.

O financiamento será realizado por meio do Programa de Desenvolvimento Cooperativo da Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), que tem por objetivo incrementar a competitividade do complexo agroindustrial das cooperativas brasileiras, por meio da modernização dos sistemas de produção e comercialização. O programa faz parte do Plano Agrícola e Pecuário 2004/05, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As operações são realizadas com taxa fixa de 10,75% ao ano, incluída a remuneração da instituição financeira credenciada de 3% ao ano, com prazo de pagamento de nove anos.

O projeto da Cooperocarne terá como diferencial a participação no Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN) que abrange ações para garantir padrão para carcaças, sistemas de cria, de engorda e reprodução da raça nelore. Segundo Souza, todos os produtores já criam bovinos seguindo as normas do programa e, com isso, a carne poderá ter selo de qualidade e preço diferenciado.

Segundo as normas do programa, a carne deve ser de animal com idade inferior a três anos de idade; castrado; com cobertura de gordura da carcaça de 3 a 8 milímetros uniforme; com peso morto de 240 a 285 quilos; produzido a pasto; não utilizar ração de origem animal e nem qualquer tipo de anabolizante ou hormônio.

Região apta à produção

A Cooperocarne foi constituída em dezembro de 2003 e está próxima à BR 364, numa área cujo raio, de aproximadamente 200 quilômetros, abriga cerca de 4 milhões de cabeças de gado com aptidão para produção de carne. A proximidade da rodovia permite a chegada de insumos e escoamento da produção aos grandes centros e portos de exportação. A região está perto da bacia do Rio Madeira, com saída para o Atlântico, o que facilitaria o comércio exterior.

O estado de Rondônia conta com rebanho de 9,8 milhões de bovinos e já atingiu o limite economicamente rentável da ocupação dos pastos, hoje, em 2,51 cabeças por hectare. Segundo dados do BNDES, a capacidade de abate para 2006, incluídos os novos projetos em implantação, é de 2 milhões de cabeças.

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