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Pecuaristas do Mato Grosso pressionam frigoríficos


Devido à desvalorização da carne bovina por parte dos frigoríficos, os produtores de Mato Grosso prometem promover um boicote às empresas do setor, reduzindo a oferta do produto no mercado.

Desde 2003, o preço da carne sofreu um deságio de 20%. À época a arroba era comercializada em média a R$ 60, no ano seguinte baixou para R$ 58, e este mês os produtores estão entregando o boi a R$ 50.

Um bezerro inteiro que era vendido a R$ 330, hoje sai da propriedade por R$ 300. A queda não refletiu no preço ao consumidor final. Os preços da carne nos supermercados mantêm-se inalterados.

Além da desvalorização do preço do boi, os pecuaristas reclamam das regras combinadas de comercialização pelos frigoríficos e denuncia manipulação de preço, prejudicando o setor.

Os pecuaristas acusam os frigoríficos de criar uma "tabela-padrão" para os preços do boi com critérios e deságios idênticos para todas as regiões de produção e mercados. As empresas definiram deságios de 3% para animais de 15 a 16 arrobas e de 5% a 10% para novilhas e vacas. Além disso, animais não-rastreados teriam deságio de R$ 3/arroba.

Segundo o diretor-executivo da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR-MT), Paulo Resende, considerando as diferenças regionais de cada produtor, a classificação de 16 arrobas para o boi é alta, o mínimo seria de 12 arrobas. Os frigoríficos já reduziram para 12 arrobas.

Outro fator é a aquisição com escala de 40 dias, ou seja, o produtor fecha a venda 40 dias antes da entrega do boi, e depois são mais 30 dias para conseguir receber, são 70 dias de espera para ser remunerado.

Na sexta-feira (19), pecuaristas de oito Estados se reuniram em Goiânia (GO), onde deliberaram algumas ações para fazer frente aos problemas do setor. Na ocasião foi criada a bolsa do boi, uma tendência nacional de proteção aos pecuaristas.

Centrais de comercialização, em fase de implantação em Cuiabá, Bauru e Araçatuba, de São Paulo, é uma estratégia para potencializar o poder de negociação dos produtores.

Medidas - Segundo Resende, a Central de Cuiabá tem aproximadamente 100 mil animais cadastrados. Outra media é entrar com ação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a abertura de um processo na Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, contra formação de cartel. Ainda sem consenso entre o setor, os produtores também decidiram reduzir a oferta do produto para pressionar a melhora do preço da arroba.

Uma das vozes contrárias a essa medida é a APR-MT. Segundo o diretor-executivo, reduzir a oferta não seria uma solução eficiente porque os cinco maiores frigoríficos têm representação em todo território brasileiro, e, por isso, seria fácil abastecer suas unidades nos Estados atingidos pelo boicote. "Somos contrário a essa medida porque acho que o diálogo é o caminho mais democrático", observou Resende.

Ao contrário do presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Amarildo Merotti, que defende a proposta.

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