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Pecuaristas lançam novas farpas contra frigoríficos

O que era para ser uma reunião para apaziguar ânimos e buscar soluções conjuntas na cadeia da carne bovina


O que era para ser uma reunião para apaziguar ânimos e buscar soluções conjuntas na cadeia da carne bovina - em turbulência por conta de denúncia de que frigoríficos exportadores formariam cartel na compra de boi - acabou virando palco de novas farpas de pecuaristas contra as indústrias ontem em São Paulo.

A reunião foi convocada pelo Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC) para debater os preços pagos por frigoríficos pelo boi - tema incômodo para o setor, principalmente depois que criadores denunciaram frigoríficos ligados à Abiec por suposta formação de cartel à Secretaria de Defesa Econômica do (SDE) Ministério da Justiça.

No encontro, o presidente em exercício do CNPC, Sebastião Costa Guedes, propôs a formação de um grupo de trabalho com representantes de criadores, indústrias e tributaristas. Entre os objetivos do grupo estão buscar "melhor distribuição dos resultados do setor" - leia-se ganhos com as exportações -, "conscientização da realidade dos custos de produção" e propor mudanças na tributação atual.

Mas se depender de Antenor Nogueira, presidente do Fórum Permanente de Pecuária de Corte da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), justamente quem levou a denúncia de cartel à SDE, a formação do grupo pode demorar. Ele afirmou, na reunião, que só indicará os representantes para o grupo se os frigoríficos deixarem de usar uma tabela com valores e critérios para a compra de gado. A tabela, que teria sido criada em janeiro, motivou a acusação de cartel. "Não podemos dialogar sem que essa tabela seja rasgada e jogada no lixo". Segundo Nogueira, apesar de terem se comprometido a não usar a tabela em recente reunião com o Ministério da Agricultura, "alguns frigoríficos continuam utilizando". Ele não nomeou os frigoríficos.

Irônico, Nogueira elogiou a sugestão de Pratini de Moraes, presidente da Abiec, em defesa de marketing da carne no mercado interno. Mas Pratini, que disse que a Abiec indicará nomes para o grupo de trabalho, afirmou que a entidade não trata da acusação de cartel, só de questões de exportação. "Não cuido de preço de boi", disse. "Vocês acham que eu seria louco de me envolver nesse tipo de discussão?", perguntou, em tom de brincadeira, aos repórteres.

Pratini também teve de rebater as acusações do deputado estadual Zeca Dávila (PFL-MT), que disse que a Abiec impede que a União Européia credencie mais frigoríficos do Mato Grosso para exportar. Segundo Dávila, os associados da Abiec não querem que outras indústrias do Estado exportem. O Mato Grosso tem cinco frigoríficos (Friboi, Quatro Marcos, Marfrig, Frigoalta e Margen), mas só os três primeiros podem exportar para a UE. Os demais estão em áreas consideradas de risco pela proximidade com a Bolívia, onde houve aftosa. Dávila também acusou os exportadores de comprarem boi nessas regiões e venderem a carne como se não o fosse

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