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Perdemos nossa “melhor safra de trigo de todos os tempos”, diz T&F

Erros de comercialização


A redução das exportações e o aumento dos estoques finais projetados pela Conab nesta terça-feira (10.01) mostram que o governo “jogou a toalha, desistiu de tudo (nem remarcou os leilões) e está aceitando um péssimo resultado para a comercialização da excelente safra de trigo deste ano”. A constatação é da Consultoria Trigo & Farinhas, afirmando que isso era “tudo o que não deveria acontecer este ano, em que o agricultor colheu a sua melhor safra de trigo de todos os tempos”.

“Estoques altos levam a preços depreciados, enquanto exportações aumentam as opções de venda dos agricultores, ajudam a escoar o produto e trazem divisas (além de estimular a produção que, a médio e longo prazo, podem tornar o país autossuficiente)”, lamenta o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco.

O especialista afirma que houve diversas falhas na cadeia, mas isenta o produtor, que plantou e colheu bem. Um dos erros apontados está com os gerentes comerciais das entidades responsáveis pela comercialização, que deixaram passar as excelentes oportunidades de fixar o trigo da safra 2016/17 a R$ 56,00/saca, ou R$ 930/T quando o mercado (futuro) ofereceu esta chance durante oito meses seguidos (de março a dezembro de 2015).

Pacheco afirma que o Rio Grande do Sul demorou a se posicionar, porque está “acostumado a transferir para o governo a sua responsabilidade de ser lucrativo (o governo não tem nada a ver com isto). Mas, foi isto que fez e tardiamente. Agora tem apenas 3 semanas para aproveitar a janela de exportação e corre para apagar incêndio, como tem feito nos últimos 40 anos (porque não programa a sua produção, espera a colheita para depois comercializar e isto significa fazer tudo de afogadilho e dependendo da boa vontade do governo)”.

Para o analista, o governo não deveria ter implementado medidas intervencionistas, mas se essa foi a política escolhida, deveria ter sido mais célere no processo, porque organizou leilões que não atraíram demanda, nem atingiram os seus objetivos. “Agora constata um brutal aumento de estoques finais para a safra 2016/17, que acaba em 31 de julho deste ano. A sensação que se tem é que está abandonando a noiva no altar, depois de prometer casamento”, conclui.

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