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Perímetros terão assistência no Ceará

Consórcio vai oferecer a oito perímetros irrigados do Ceará orientações técnicas para melhorar a produtividade


Fortalecer a atividade rural e evitar o êxodo para as grandes cidade. É com esta meta que os produtores rurais de oito perímetros de irrigação administrados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) no Ceará começaram a receber um modelo diferenciado de assistência técnica este mês. O trabalho será realizado pelo consórcio Magna-Cetrede, vencedor da licitação realizada pelo órgão. Depois de décadas de dificuldades, os colonos esperam, mais uma vez, superar obstáculos como baixa produtividade, reduzir custos de produção e melhorar a renda familiar.

No Ceará, o novo modelo de assistência técnica começa ao mesmo tempo em oito perímetros: Icó – Lima Campos, Tabuleiro de Russas, Jaguaribe Apodi, Araras Norte, Morada Nova, Baixo Acaraú, Curu Paraipaba e Curu – Recuperação. O consórcio também vai realizar orientação aos produtores de mais 13 distritos de irrigação nos estados da Bahia, Piauí, Pernambuco e Paraíba.

No ano em que o Dnocs comemora 100 anos de existência, o órgão redireciona sua política administrativa também para a orientação técnica aos agricultores, que há décadas vivem nos distritos de irrigação. A idéia não se limita à assistência técnica aos produtores, mas procura alcançar a inclusão social das famílias dos colonos, melhorar a auto-estima dos produtores e dos filhos destes, além de profissionalizar os produtores rurais para as exigências do mercado atual, cada vez mais competitivo e utilizando tecnologias de ponta.

Demandas

Nesta cidade, houve recentemente uma reunião no Teatro da Ribeira dos Icós para apresentação aos produtores do novo modelo de assistência técnica e de extensão rural, que começa ser implantado no perímetro Irrigado Icó – Lima Campos.

“Estamos realizando visitas nos 14 setores do distrito de irrigação, levantando as demandas coletivas, colhendo informações”, explicou o coordenador local de assistência técnica e extensão rural, Merival Azevedo. “De início, observamos que há baixa produtividade e reduzida área irrigada”.

Em face do anúncio da implantação do novo modelo de assistência técnica, os produtores rurais vivem um clima de expectativa. O presidente da Associação do Distrito de Irrigação Icó – Lima Campos (Adicol), Expedito Lúcio de Lima, disse que os colonos estão animados e esperam dar um salto de qualidade na produção. “Há muito tempo que a gente espera por um trabalho permanente e de qualidade de assistência técnica para os agricultores”, disse. “Já tivemos vários problemas no passado, dificuldades de combater praga e prejuízo para a fruticultura por falta de orientação”.

O trabalho do consórcio Magna-Cetrede no Distrito de Irrigação Icó – Lima Campos começa a ser realizado com uma equipe formada por quatro técnicos agrícolas, uma pedagoga e um coordenador local. “Teremos o suporte de consultores especializados em diversas áreas, como gestão de negócios, mercado, crédito e pragas da lavoura. O Cetrede é uma instituição ligada à Universidade Federal do Ceará e a tecnologia não será problema”, explicou Azevedo.

De acordo com ele, algumas orientações já começaram a ser prestadas aos produtores. “Começamos por demandas individuais, orientando sobre podas e pulverização. O Perímetro está dividido em quatro zonas agrícolas e vamos fazer um mapeamento completo acerca das principais demandas”.

Desafios

Atualmente, o Perímetro Irrigado Icó – Lima Campos tem uma área total de 2.790 hectares, mas apenas 700 hectares dessa área tortal são irrigados. Um dos principais problemas enfrentados pelos produtores é a baixa produtividade, que alcança apenas metade da média de outras unidades, que já utilizam tecnologia moderna de produção. A cultura da banana, por exemplo, é de 25 mil quilos por hectare, e a de arroz é de apenas quatro mil quilos.

A baixa produtividade alcançada no perímetro reflete diretamente no aumento do custo de produção e resulta em redução da renda familiar dos produtores locais. Segundo um levantamento inicial, dos 700 hectares irrigados no Perímetro de Icó – Lima Campos, há cultivados 100 hectares de banana e 500 hectares de arroz. O restante é dividido em culturas como as de capineira, coco, goiaba e maracujá. Por sua vez, a pecuária aparece com cerca de cinco mil cabeças de bovinos e uma produção mensal de 100 mil litros de leite.

A cultura do arroz é, portanto, predominante, e faz parte da história do Perímetro. Apesar disso, é uma atividade que apresenta baixa rentabilidade em face do elevado custo de produção e do preço do produto. “Não vamos obrigar ninguém a mudar de cultura. O que queremos é apresentar aos produtores a potencialidade e as vantagens da fruticultura. Há uma tendência natural para ampliar as áreas de culturas como coco, goiaba e banana”, explicou Merival Azevedo.

FIQUE POR DENTRO

Conheça o histórico do Icó - Lima Campos

O Perímetro Irrigado Icó - Lima Campos foi implantado no início da década de 1970. Em 1974, o perímetro começou com serviço de manutenção e gerenciamento das áreas produtoras. Está dividido em quatro zonas agrícolas. A mais favorecida é a que fica na margem esquerda do rio Salgado e recebe, por gravidade, a água do açude Lima Campos. Na outra margem, há vários anos que as terras não são irrigadas porque o sistema de bombeamento está paralisado em face de sucessivos débitos com a Companhia Energética do Ceará (Coelce). No total, são 18 quilômetros de canal, sem utilidade. Há um novo estudo em andamento sobre a construção de um sistema de transferência de água, por gravidade, o que, para os produtores, seria a redenção do perímetro. Entretanto, o principal entrave é que o projeto original tem custo elevado, em torno de R$ 30 milhões. O perímetro irrigado de Icó é abastecido por água do açude Lima Campos, que foi construído durante a grande seca de 1932 que atingiu o Nordeste. A barragem foi uma das primeiras a ser edificada na região com recursos do governo federal. Em 1933, foi aberto um canal de terra para irrigação, com 10 quilômetros de extensão, um dos primeiros no Nordeste. Na obra do açude, morreram cerca de cinco mil operários atingidos por cólera. O construtor da barragem, o engenheiro e construtor Lima Campos, acabou morrendo em acidente aéreo próximo à inauguração. Por conta disso, o reservatório recebeu essa denominação em sua homenagem. 

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