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Pernambuco cai no ranking da produção de frango


A alta do dólar e o desabastecimento de milho em 2002, provocado principalmente pelo desequilíbrio do mercado interno por causa das exportações, fez a avicultura penar e fechar o ano catando prejuízos. Mesmo antes do ano terminar, a Associação Avícola de Pernambuco (Avipe) estima uma queda de 30% na produção de ovos e de 11,68% na produção de carne de frango em comparação com o ano passado.

A projeção do setor para 2002 no alojamento de pintos de corte era de 113.823 milhões de cabeças de frango, mas o número deverá cair para 97.609 milhões, o que representa uma queda de 14,25%. Em relação às pintas de postura, a expectativa era alojar 3,2 milhões de aves, mas o alojamento caiu para 2,4 milhões - uma redução de 19,61% no comparativo com 2001.

As perdas para os avicultores se acentuaram a partir do terceiro trimestre do ano quando a alta do dólar elevou os custos de produção a cerca de 30%. O aumento repercutiu diretamente nos produtos que compõem a ração e que são dolarizados como os farelos de soja e de trigo e as vitaminas.

Com uma diferença entre os custos e o preço do frango e sem poder repassá-la com a mesma velocidade ao mercado, os produtores tiveram que descartar antecipadamente a produção, vendendo as aves antes de atingirem o peso padrão, o que resultou numa diminuição de 10,39% no alojamento. O presidente da Avipe, Edilson Santos, calcula que, com as perdas, Pernambuco deverá cair do posto de quinto para o de sétimo maior produtor nacional de frango de corte e de ovos.

A alternativa para recuperar o posto e os prejuízos, segundo ele, é conseguir a liberação da importação de milho transgênico da Argentina, o que parece ser visto com bons olhos pelo futuro ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. ´Se no ano que vem não tivermos garantida a importação de milho e de soja vai ficar ainda mais difícil. Este ano, contávamos com os estoques de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que garantiu o mesmo preço do milho importado nos seus leilões´, analisa Santos.

Segundo ele, o último leilão com estoques da Conab será realizado no próximo dia 3 de janeiro. Depois, os avicultores de Pernambuco ficarão dependentes da nova política de abastecimento que será definida pelo governo federal. ´Com um câmbio entre R$ 3,00 e R$ 3,50, as importações serão mais vantajosas para nós, que dispomos de portos e de tecnologia e não temos boas estradas, ferrovias ou hidrovias ao contrário de outras regiões´, diz o presidente da Avipe, assegurando que, com estas condições, será possível competir com o Sul do País e recuperar as perdas deste ano em 2003. Edilson Santos revela ainda que muitas granjas de pequeno porte não suportaram os prejuízos e fecharam as portas.

Apesar dos índices negativos, a participação da avicultura no PIB de Pernambuco deverá passar de 1.88% para 1.89% e o faturamento do setor avícola em Pernambuco fechará 2002 com crescimento, subindo dos R$ 474 milhões em 2001, para R$ 491 milhões este ano. Mas os empresários não consideram o aumento reparador.

Rentabilidade

O diretor financeiro da Avipe, Marcondes Farias, diz que apesar de mais dinheiro em caixa, houve perdas na rentabilidade. ´Produzimos igual ao ano passado, vendemos mais, mas lucramos menos´, resume, taxando 2002 como um ano turbulento, em que o aumento inesperado da produção para o mercado interno provocou achatamento nos preços.

´Felizmente as exportações aumentaram acima do que estava previsto, restabelecendo o equilíbrio no mercado interno´, comenta. Ocupando também o posto de diretor administrativo da Mauricéia, uma das líderes em Pernambuco na produção e beneficiamento de frango de corte, Farias diz que não conseguiu atingir a meta de aumentar a produção em 25% e fecha o ano no empate em relação a 2001.

´Os custos e o consumo mudam muito. Estamos trabalhando agora com uma projeção de no máximo seis meses´, revela, lembrando que, em alguns períodos deste ano, precisou reduzir a produção ao invés de ampliá-la devido aos altos estoques. O ano termina com uma produção mensal de 1,3 milhão de frangos, dos quais 900 mil são destinados ao abate e 400 mil são vendidos vivos.

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