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Pescadores trocam peixes por ostras

Primeira colheita rende 10 mil moluscos, o bastante para abastecer o Litoral do estado


Primeira colheita rende 10 mil moluscos, o bastante para abastecer o Litoral do estado. Meta é produzir quatro vezes mais. Atividade pode se tornar principal fonte de renda de quem vive da pesca


O Paraná está se tornando autossuficiente na produção de ostras neste verão. Isso a partir da primeira coleta de uma das 11 áreas cultivadas em um projeto do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). A colheita vai abastecer o mercado local e atender a veranistas e turistas apreciadores da iguaria gastronômica. A expectativa é que, a mé­­dio prazo a atividade possa garantir renda de até dois salários mínimos às 121 famílias de 11 co­­muni­­dades do litoral.


Até o último ano, o estado de­­pen­­dia fortemente de Santa Cata­­rina, maior produtor nacional de ostras, para complementar a produção que extrai dos bancos naturais de Pa­­ranaguá, Guaratuba e Guaraqueça­­ba. Com restrições am­­bientais, essa extração está proi­­bida desde a semana passada.

O projeto para o cultivo de ostras no Paraná vem sendo desenvolvido há cinco anos com o objetivo de viabilizar uma nova fonte de renda aos pescadores, já que a pesca artesanal está ameaçada em função da baixa quantidade de peixes. Como as características am­­bientais do litoral são favoráveis para o crescimento do molusco e existe mercado consumidor garantido, dentro de dois anos, o cultivo de ostras deve se transformar na principal atividade dos caiçaras paranaenses. Essa avaliação parte dos pescadores e dos técnicos envolvidos no programa.

“Nós fomos agraciados. Nossa água, por conta da salinidade e dos nutrientes, é melhor do que a de Santa Catarina”, conta o pescador Zoel Pereira. Ele é o líder das 12 famílias da comunidade de Ponta Oeste, na Ilha do Mel, responsável pela primeira coleta do projeto da Emater – a produção está em fase inicial nas outras comunidades.

Nas águas claras do lado ainda não povoado da Ilha estão instalados 12 long lines (cordões) para sustentação das lanternas (gaiolas que armazenam até 16 dúzias do molusco). A comunidade tem uma produção de 10 mil dúzias de ostras ao ano. Porém, a capacidade instalada é para 42 mil dúzias da iguaria, que devem ser atingidas futuramente.


“É preciso ir devagar para que os pescadores aprendam o cultivo aos poucos. Além disso, a regularidade na oferta é importante. Não podemos nos comprometer e não entregar o alimento”, explica o As­­trogildo Gomes, engenheiro de pes­­ca da Emater.

O próprio instituto realiza o trabalho de comercialização das os­­tras. Proprietários de restaurantes especializados em frutos do mar foram convidados para, nas próximas semanas, conhecerem o trabalho e a qualidade do produto. Ainda sem compradores fixos, a produção é vendida no varejo por R$ 10 a dúzia.

“A ostra tem muito futuro por aqui, basta saber administrar. Logo os pescadores terão uma renda boa e vão deixar de pescar para cultivar o molusco”, diz Crisleine Pereira de Souza, filha de pescador e técnica em aquicultura.

O dinheiro que sobrar da venda da primeira colheita de molusco será utilizado para construção de uma plataforma flutuante ao lado dos long lines. A estrutura, avaliada em R$ 150 mil, permitirá a limpeza das lanternas no próprio mar, facilitando o trabalho dos pescadores. Hoje, a cada 15 dias, eles precisam retirar as gaiolas da água e trans­­portá-las até a praia para finalizar o serviço.

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