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Pesquisadores montam rede para preservar biodiversidade de bactérias e genes da agroindústria


Um grupo de pesquisadores acaba de lançar incentivo à preservação da biodiversidade brasileira. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) apoiou o projeto que deu origem à Rede Centro-Sul para a manutenção e caracterização da biodiversidade de coleções de culturas e genes de bactérias de fundamental importância para a agroindústria brasileira.

A rede foi montada com o objetivo de fornecer auxílio emergencial para as coleções de culturas de bactérias diazotróficas, aquelas capazes de fixar nitrogênio e promotoras do crescimento de plantas que se encontravam em estado crítico nos laboratórios das instituições. Essas bactérias têm importante aplicação na agricultura, por exemplo, como alternativa para a redução do uso de fertilizantes nitrogenados nas plantações.

"Nosso levantamento dessas coleções, que se encontravam em estado emergencial, indicou que havia 15.426 estirpes, que são populações diferentes de bactérias, e cerca de 20 mil clones de bibliotecas genômicas com potencial biotecnológico", disse a pesquisadora da Embrapa Solo, Mariangela Hungria, coordenadora do projeto. Segundo ela, as coleções representam um valioso acervo da biodiversidade brasileira, além de contarem também com estirpes da biodiversidade de outros países, e são fundamentais para a filogenia, que determina relações ancestrais entre espécies conhecidas e muitas vezes extintas, e a taxonomia, responsável pela classificação dos organismos.

"Em 2004, 24 milhões de doses de inoculantes foram comercializadas no Brasil, a maioria para a cultura da soja, e todas possuem estirpes provenientes destas coleções, fornecidas também para a indústria. Elas são consideradas cada vez mais eficazes para leguminosas de importância econômica para o país", disse a pesquisadora.

Com o projeto apoiado pelo CNPq, formou-se a Rede Centro-Sul e o grupo Brazilian Microbial Resource Center (BMRC) que uniram pesquisadores, com suas coleções e laboratórios, da Embrapa Soja, Embrapa Cerrados, Embrapa Agropecuária Oeste, Fundação Estadual de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Sul, Universidade Estadual de Santa Catarina, Instituto Agronômico do Paraná e da Universidade Federal do Mato Grosso.

"Conseguimos todos os equipamentos necessários para preservar as bactérias por pelo menos mais de uma das maneiras recomendadas, em ultra-freezer a -80ºC ou por liofilização, além da expansão do banco de genes e a caracterização genética de estirpes recomendadas comercialmente", declarou a coordenadora Mariangela Hungria.

O projeto também contou com o apoio do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCT), responsável por criar um banco de dados, com as informações de catalogação das estirpes de cada instituição, informatizado e interligado com as informações das coleções de culturas, e a página eletrônica do grupo que será inaugurada em novembro.

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