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Pesquisadores usam leveduras como fungicida em limão

Universidade Tecnológica da Malásia quer levar fungicida para tratar pitaia


Pesquisadores da Universidade Nacional de Tucumán (UNT) anunciaram resultados de pesquisas que buscam alternativas ecológicas para controlar fungos que afetam a produção de limão. O país vizinho é o principal produtor mundial da fruta, que teve recentemente liberada sua importação pelos Estados Unidos.

O uso de fungicidas sintéticos vem sendo evitado pela indústria local em função de problemas de resistência e restrições do mercado internacional à quantidade de resíduos químicos encontrados nos limões. A demanda crescente por produtos orgânicos de parte dos consumidores também foi um fator levado em conta.

A equipe de investigação desenvolve leveduras “killer” que destroem os fungos da fruta pós-colheita. As doenças mais comuns são o Bolor verde (Penicillium digitatum) e o Bolor Azul (Penicillium italicum), que penetram no fruto através de lesões que surgem na casca.

Essas leveduras “killer” são extraídas do próprio cítrico, sendo parte de sua flora microbiana presente a superfície dos limões, das folhas e do líquido do lavado da fruta. A equipe analisou 400 leveduras diferentes e selecionaram três estirpes que deram melhor resultado: Pichia, Clavispora e Cándida. O estudo foi publicado recentemente na revista científica Plus One.

A planta piloto é parte de um convênio de cooperação com a citrícola San Miguel (localizada em Tucumán), a mais importante do país em volume e variedade de produção. Os pesquisadores testaram o produto em mais de 3 mil limões, em diferentes etapas, no princípio da colheita, na metade e no final.

A pesquisa é financiada pelo Conicet e recebe a cooperação da Universidade Tecnológica da Malásia – que está interessada no produto. De acordo com os cientistas argentinos, os colegas malaios querem aplicar as leveduras “killer” para combater fungos da pitaia (ou fruta do dragão), planta que tem valor comercial para eles.

Jacqueline Ramallo, engenheira agrônoma e mestre em Produção, responsável de Fitopatologia e Biotecnologia da citrícola San Miguel, qualificou esta linha de investigação como muito valiosa. Assegurou que a conservação de frutas em pós-colheita resultará em produtos que não deixam resíduos. “Isso é uma tendência crescente a nível mundial,” enfatizou.

“O controle de patógenos com produtos biológicos (nesse caso levedeuras) é promissório, ainda que não tenha a efetividade de um produto sintético. Falta produzir em escala semi-comercial e comercial. Não tem sentido um sistema de pesquisa que trabalhe alheio às necessidades do meio produtivo”, afirmou ela.

Julián Dib, doutor em Ciência Biológicas e docente na faculdade de Bioquímica, Química e Farmácia na Universidade Nacional de Tucumán lidera a pesquisa. Integram a equipe Julia Pérez Ibarreche, em conclusão de licenciatura em Biotecnologia, e Ana Sofía Isas, biotecnóloga. Os três atuam na Planta Piloto de Processos Industriais Microbiológicos que depende do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica da Argentina (Conicet).

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