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Pesquisas agrícolas elevam produção brasileira de grãos


Os produtores brasileiros devem colher uma safra recorde de grãos no próximo ano. A estimativa é de uma colheita aproximada de 131,9 milhões de toneladas, de acordo com o segundo levantamento de intenção de plantio para a safra 2004/05 divulgado em dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Caso esta projeção seja confirmada, a produção será 10,7% superior em comparação com a safra passada, que atingiu 119,1 milhões de toneladas. A área deverá atingir 48,3 milhões de hectares contra 47,3 milhões de ha da primeira estimativa da Conab divulgada em outubro.

Vários fatores vão colaborar para o aumento de produção. E um dos mais importantes está ligado ao avanço das pesquisas agrícolas verificado nos últimos 30 anos no país. O uso da tecnologia neste setor está proporcionando um dos principais benefícios para atingir safras cada vez maiores, o ganho de produtividade. Nos últimos quinze anos, a área plantada de grãos cresceu menos de 20%, enquanto a produção mais que duplicou. No início da década de 90, os produtores colhiam apenas 60 milhões de toneladas de grãos, sendo que neste período a produtividade limitava-se a 1,5 tonelada por hectare. Atualmente, a produtividade alcança 2,7 toneladas por ha para uma produção de 120 milhões de toneladas.

Um estudo elaborado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas mostra que as pesquisas estão sendo mais importantes em comparação com outros fatores que também colaboram para safras elevadas, como a ocupação de novas áreas em função da tecnologia e agregação de valor aos produtos. Outro estudo elaborado no ano passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que as pesquisas se sobressaem em relação ao crédito agrícola, a abertura de novos mercados e o investimento em infra-estrutura.

As pesquisas possibilitaram que áreas antes consideradas impróprias para o cultivo, como as do cerrado, atingissem a liderança na produção de grãos. O cerrado, que abrange 15 estados brasileiros e ocupa uma área um pouco superior a 200 milhões de hectares, é responsável pela metade da safra nacional de grãos. Esse feito só foi possível após vários anos de experimentos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com apoio de empresas privadas, universidades e centros de pesquisa.

A Embrapa conseguiu transformar o solo extremamente ácido e arenoso do cerrado em um dos maiores produtores de grãos do mundo. Para isso, utilizaram calcário para obter o resultado esperado. Também precisaram encontrar variedades de sementes adaptadas a cada tipo de microclima. Outro benefício foi a descoberta de grãos com maior teor de proteína, plantas mais resistentes a pragas e novas técnicas de preparo da terra e de plantio.

Uma dessas técnicas é o plantio direto, difundido em grande parte do território brasileiro. Atualmente esta técnica ocupa 22 milhões de hectares em todo o país, cerca de 50% do total de área cultivável. Essa técnica consiste em introduzir a semente no solo coberto de palha com o objetivo de dificultar a entrada de água e evitar erosões, fixando a matéria orgânica. Antes do advento do plantio direto, os produtores brasileiros adotavam a técnica de revolver o solo para esquentá-lo e realizar o plantio. Com o avanço nas pesquisas, os cientistas constataram que o solo do cerrado apresenta temperatura adequada para o cultivo durante quase todo o ano.

Entre as culturas que apresentam maior volume de produção podem ser destacadas a soja, o milho, o arroz e o trigo. A soma de todas elas deve atingir cerca de 120 milhões de toneladas na temporada 2004/05, de acordo com a primeira estimativa da Conab. Para mostrar como está sendo possível obter maiores rendimentos nos últimos anos com essas culturas, uma série de quatro reportagens vai abordar a importância das pesquisas para o crescimento da produção agrícola brasileira.

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