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Pesquisas da Embrapa movimentam eventos científicos no Acre

O objetivo dos eventos é divulgar conhecimentos gerados pela comunidade científica e por estudantes que participam do Pibic


Cerca de 50 trabalhos reunindo resultados de pesquisas da Embrapa Acre integram a pauta de apresentações do Segundo Congresso Regional de Pesquisa do Acre e décimo quinto Seminário de Iniciação Científica, realizados pela Universidade Federal do Acre, de 3 a 7 de outubro. O objetivo dos eventos é divulgar conhecimentos gerados pela comunidade científica e por estudantes que participam do Programa de Iniciação Científica (Pibic) e de outros mecanismos de fomento à pesquisa.

Com o tema "Inovação, Sustentabilidade e Desenvolvimento Regional" o encontro marca os 25 anos de iniciação científica na Ufac, com duas edições. No Campus de Rio Branco as atividades encerram nesta sexta-feira (7), e no Campus de Cruzeiro do Sul, acontecem entre 18 e 21 de outubro. Desde 2015 o Seminário Pibic faz parte do Congresso de Pesquisa, como forma de ampliar a divulgação científica por parte de instituições locais e de outros estados. Ao todo foram 507 trabalhos, inscritos por pesquisadores e estudantes da Ufac, Embrapa, faculdades locais e universidades do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, São Paulo e outros estados.

A programação inclui comunicações científicas, minicursos, conferências e palestras sobre temas relevantes para a região como saúde indígena e biopirataria na Amazônia Legal. Para o professor Fábio Augusto Gomes, diretor de pesquisa da Ufac, o evento é um retrato do que existe da produção científica local e mostra que a cultura da pesquisa institucional e as políticas de incentivo à iniciação científica e pós-graduação vêm surtindo efeito. Entre 1991 e 2016 o número de projetos e o volume de pesquisas na Ufac cresceram 4.000%. "A demanda por pesquisas é crescente, mas observamos também que a qualidade de nossas pesquisas e do ensino tem melhorado", afirma.

A iniciativa tem o apoio da Embrapa, governo do Acre, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, (CNPq), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AC) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre (Fapac) entre outras instituições.

Exposição oral e pôster

De acordo com o pesquisador José Marques Carneiro, presidente do Comitê do Pibic na Embrapa Acre, atualmente a unidade conta com 10 bolsistas de iniciação científica (Pibic) que atuam em diferentes áreas. Esses estudantes desenvolvem atividades de pesquisa orientadas por pesquisadores, no âmbito de projetos específicos, de acordo com o interesse e afinidade que apresentam. "Aqui eles podem aprender princípios e técnicas de pesquisa, por meio da experimentação científica, e recebem orientação sobre a sistematização do conhecimento gerado. O Seminário Pibic é uma forma de dar visibilidade aos resultados desse esforço", afirma.

Este ano todos os bolsistas Pibic da Embrapa Acre participam do seminário de iniciação científica, com temas apresentados de forma oral e também em pos no anfiteatro universitário. Antônia Kaylyanne Pinheiro cursa o último ano do curso de Ciências Biológicas, na União Educacional do Norte (Uninorte) e está há dois anos como bolsista no Núcleo de Pesquisa em Produção Animal da Unidade. Além de apresentar o trabalho "Avaliação genética de vacas leiteiras mestiças em rebanhos do Acre", de sua autoria, ela é co-autora em outros sete trabalhos. Para a estudante, estes espaços de compartilhamento de informações e conhecimento proporcionam a chance de conhecer outras pesquisas.  "É uma oportunidade de mostrar o fruto do nosso trabalho e acessar conhecimentos científicos que a graduação não possibilita", ressalta.

Weidson Plauter, estudante do sétimo período do curso de Ciências Biológicas, na  Uninorte é Bolsista do Núcleo de Pesquisa em Fruticultura e Plantas Nativas desde 2014 e já participou de três projetos de pesquisa. Atualmente faz parte de um projeto que estuda a ocorrência da mosca das frutas (díptera: Drosophildae) no estado do Acre, um dos principais problemas da fruticultura nacional. Ele compartilha os resultados iniciais desse estudo, no Seminário Pibic.

De olho no futuro, o estudante considera que participar de eventos de natureza científica é uma possibilidade de aprendizado imperdível para quem almeja uma pós-graduação, por possibilitar o contato com outros estudantes e profissionais de diversas áreas. "Além disso, ajuda a enriquecer o currículo, aspecto essencial para quem pretende seguir carreira na área científica. Como me interesso por entomologia, especialmente por manejo integrado de pragas agrícolas, pretendo seguir nessa área, no mestrado e doutorado. Minha meta é ser pesquisador", planeja.

Iniciação tecnológica

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), iniciativa do CNPq, proporciona a alunos de graduação a oportunidade de ampliar a formação acadêmica pela concessão de bolsas de iniciação científica, com duração de um ano e possibilidade de prorrogação. As bolsas são concedidas por meio de instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas, via projetos selecionados por Chamadas Públicas e visam, entre outros objetivos, despertar a vocação científica entre estudantes, contribuir para a formação de recursos humanos para a pesquisa e estimular uma maior articulação entre a graduação e pós-graduação.

Além de receber alunos de graduação como bolsistas do Pibic, a Embrapa Acre apoia estudantes de pós-graduação, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Tecnológica (Pibiti), outra iniciativa do CNPq, voltada para pesquisas que visem ao desenvolvimento de tecnologias, produtos e inovação. A estudante Luana de Oliveira Viana é bolsista nesta modalidade há dois anos e atua em um projeto de pesquisa que estuda alternativas para o controle biológico de pragas na agricultura. O trabalho por ela apresentado aborda a influência da decomposição solar sobre a eficácia do óleo essencial de pimenta de macaco (Piper aduncum) no controle da lagarta do cartucho-do-milho. Os resultados da pesquisa também serão apresentados na edição do evento que acontecerá em Cruzeiro do Sul.

Essa planta de ocorrência natural na Amazônia é rica em dilapiol, substância que tem efeito inseticida.  "A comprovação de que esse óleo não sofre grandes alterações em exposição à luz solar confirma o potencial de uso desse produto como inseticida natural ou mesmo como produto cinérgico, atuando junto com outros inseticidas no controle da praga", explica a bolsista.

Suzana Maria Melo Silva é bióloga e doutoranda em Biotecnologia e Biodiversidade, pela Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte), instituição de ensino com sede na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e escritório na Ufac (Rio Branco), e há cinco meses realiza sua pesquisa na Embrapa, como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior  (Capes). Vinculado ao Núcleo de Pesquisa em Produção Florestal da Unidade, o foco do estudo é a diversidade genética de populações nativas de bambu do gênero Guadua e parte os primeiros resultados foram apresentados nesta terça-feira, no Congresso Regional de Pesquisa. Os estudos realizados no laboratório de biologia molecular da Unidade buscaram identificar métodos eficientes de conservação de material genético e aperfeiçoar protocolos para extração de DNA de bambu, com boa qualidade, para futuras análises genéticas.

"Constatamos que o que utiliza detergente para quebrar a membrana da célula para tornar acessível o DNA acessível para extração é o mais eficiente. Em relação à conservação de materiais, o melhor método é a manutenção das folhas frescas em geladeira. Acredito que esses resultados poderão servir de base para futuros trabalhos na área de melhoramento genético do bambu, visando uma produção em larga escala e contribuir para a conservação da espécie", destaca.

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