Trinta e uma cultivares de trigo de excelente qualidade para panificação e produtividade, cinco variedades de milho, uma de mandioca, cinco de arroz e 24 de feijão com alto rendimento para as mais diversas regiões do País. Esta é apenas uma parte da contribuição da pesquisa que o Instituto Agronômico do Paraná - Iapar desenvolve para consolidar o Brasil como um grande produtor mundial de alimentos.
Ao longo de seus 35 anos de pesquisas, o Iapar criou aproximadamente 140 cultivares de plantas, contribuindo para que o Paraná participe com cerca de 25% dos grãos produzidos no Brasil. Essas cultivares estão difundidas em outros estados e países da América Latina. Assim ajudar a reduzir a insegurança alimentar e nutricional mundial, que aponta 925 milhões de pessoas com fome no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que celebra quinta-feira (16) o Dia Mundial da Alimentação.
Dentre as estratégias para assegurar a soberania nacional e a segurança alimentar da população é preciso produzir alimentos em quantidade e qualidade adequadas para a população. Para isso, a tecnologia agropecuária brasileira busca gerar alimentos mais saudáveis e nutritivos. “Produzir variedades mais produtivas, com maior qualidade nutricional e maior tolerância às pragas e às adversidades climáticas, respeitando a questão ambiental, tem sido nosso maior desafio”, afirma o diretor técnico-científico-adjunto do Iapar, Tiago Pellini.
“Nesse aspecto, a tecnologia agropecuária é fundamental, pois propicia variedades mais produtivas, mais tolerantes aos estresses ambientais, com menor uso de insumos e, inclusive, variedades com maior capacidade de adaptar-se às mudanças climáticas previstas”, explica Pellini.
IMPACTO AMBIENTAL – Para ele, a tecnologia exerce papel-chave no desenvolvimento de alternativas de baixo impacto ambiental, que exigem menos insumos externos e são mais eficientes no aproveitamento dos recursos locais. “Podemos ainda produzir alimentos com qualidade intrínsecas mais saudáveis (por exemplo, com mais proteínas e minerais) ou que carreguem características nutracêuticas (princípios ativos terapêuticos ou de prevenção de doenças)”, complementa Pellini.
O Programa do Trigo, por exemplo, faz uma média de 700 cruzamentos por ano. Hoje estão no mercado as variedades – IPR 85, IPR 118, IPR129, IPR130 e IPR 136. “Cada uma delas tem uma característica específica e nós procuramos atender a diferentes tipos de demandas do mercado com qualidade tecnológica”, afirma o pesquisador Lauro Akio Okuyama. Além do Paraná, hoje a cultivar IPR 85 está sendo produzida em São Paulo, Mato Grosso e no Paraguai. “Não adianta ter um trigo de boa qualidade se o mesmo não tiver boa produtividade, se ele não for resistente a doenças, se não usar menos agrotóxico. Nossas variedades são desenvolvidas nesta direção”.
SEMENTES – Entre as características que são buscadas pelo Iapar estão sementes com estabilidade e rendimento de produção, homogeneidade na forma e tamanho dos grãos, resistência às principais doenças e a condições de solos ácidos e com baixa produtividade e, ainda, a adaptação dessas variedades do sistema orgânico de cultivo.
As variedades de feijão lançadas este ano pelo Iapar são destaques em todo o Brasil. As novas cultivares de feijão preto (Gralha e Tiziu) apresentam alto potencial produtivo e resistência às principais doenças que afetam a cultura no Paraná. São materiais de ótimas características culinárias e nutritivas.
A produtividade dessas cultivares alcança, em média, 1.400 quilos por hectare, enquanto a média nacional é de 800 quilos por hectare. Lançadas este ano, elas apresentam potencial de produtividade de até 4 mil quilos por hectare, o que proporciona um elevado retorno ao produtor rural. São esses resultados que contribuem para o Paraná ser hoje o maior produtor de feijão do País com uma produção anual em torno de 750 mil toneladas, que corresponde a cerca de 25% da produção nacional.
Dentro das cerca de 600 toneladas anuais de sementes das variedades melhoradas desenvolvidas pelo Iapar, perto de 150 toneladas são das variedades de feijão – o restante é de trigo, arroz e milho. Hoje, as variedades carioca ocupam maior área plantada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. As variedades do grupo de feijão preto ocupam a maior área no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Também são cultivadas no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás.
NUTRIÇÃO – Produzir alimentos com alto valor nutritivo, ricos em minerais, principalmente o ferro e o zinco, e ainda com teor de proteína de betacaroteno e fibras tem sido a busca constante de pesquisadores do Programa de Melhoramento Genético do Iapar. Dentro do programa, os pesquisadores desenvolvem o projeto de pesquisa em biofortificação, em execução desde 1994. Até o final de 2007, o projeto era voltado apenas para o feijão, mas de dezembro para cá ampliado para outros produtos básicos como o arroz, milho, trigo e mandioca. O projeto consiste no melhoramento genético dos alimentos por meio convencional, sem utilizar a transgenia.
“A meta é proporcionar uma melhor qualidade nutricional de alimentos para combater as deficiências de minerais como ferro e zinco”, explica a pesquisadora da área de Melhoramento e Genética do Iapar, Vânia Moda Cirino. Estudos, diz ela, apontam que a qualidade nutricional dos cidadãos na zona urbana tem melhorado consideravelmente com a fortificação dos alimentos pós-colheita com a adição de ferro e ácido fólico. “Porém a condição de saúde da população da zona rural ainda carece de cuidados por não ter acesso aos produtos fortificados. É necessário que se desenvolva variedades biofortificadas para que essas pessoas tenham acesso a alimentos com melhor teor de nutrientes”, explica Vânia, lembrando que os alimentos biofortificados proporcionam melhoria na qualidade nutricional sem alterar hábitos alimentares.
No caso das variedades de feijão o instituto conseguiu ótimas características culinárias e nutritivas. Algumas variedades se destacam por serem adaptadas às condições de alta temperatura e resistentes às principais doenças.
As sementes das cultivares desenvolvidas pelo Iapar são multiplicadas e comercializadas por produtores de sementes parceiros, através de aproximadamente 300 contratos de licenciamento de cultivares, as quais são multiplicadas em quantidades suficientes para atender aos agricultores.
Agronegócio
Pesquisas do Iapar ajudam consolidar o Brasil como produtor de alimentos
Ao longo de seus 35 anos de pesquisas, o Iapar criou aproximadamente 140 cultivares de plantas
Por:
Governo do Paraná