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Péssima conservação das estradas compromete desenvolvimento nas áreas rurais

Associação de arrozeiros busca soluções para recuperação e reestruturação das vias não pavimentadas


Em Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, associação de arrozeiros busca soluções para recuperação e reestruturação das vias não pavimentadas
 
O Brasil possui grandes extensões territoriais que são interligadas por estradas não pavimentadas e com manutenção precária. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indicam que apenas 1% da malha rodoviária é asfaltada no país. Cerca de 80% das estradas são de competência dos municípios e elas transportam aproximadamente 80% do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB), além de também ser o único trajeto disponível para milhares de estudantes que vivem no meio rural.
 
Um projeto desenvolvido pela Associação dos Arrozeiros de Alegrete mostra que somente neste município da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, são 4,87 mil quilômetros de estradas rurais municipais não pavimentadas. Deste total, as estradas com maiores dificuldades de trafegabilidade são as que compreendem as localidades de Caverá, Rincão de São Miguel e as que passam por Inhandui, Guasso Boi, Conceição e Silvestre. Somente no período das safras agrícolas, o prejuízo no transporte fica em torno de 40%.
 
Intitulado Agrotríplex, o projeto da Associação dos Arrozeiros busca levantar os gargalos e trabalhar por melhorias em três pilares: água, energia e estradas. Com relação à parte de transporte, um trabalho desenvolvido pelo acadêmico Bruno de Abreu Silveira, do Curso de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), vai avaliar a erosão hídrica em estradas rurais não pavimentadas na região de Alegrete. A ideia é quantificar as perdas de solo e propor uma metodologia para estimativa real do que leva à deterioração das vias. "O problema das estradas não é só de logística, mas socioeconômica e ambiental. A quantidade de material que está sendo levada das estradas por não sofrer compactação é grande e vai para dentro dos campos e dos rios, assoreando os recursos hídricos", afirma a presidente da Associação, Fátima Marchezan.
 
Um dos produtores rurais da região, Gilberto Pilecco, afirma que os problemas das estradas rurais vêm desde a sua origem, como a falta de estruturação e normatização. Ressalta a existência de pontilhões e bueiros mal dimensionados e serviços de recuperação sem critérios e fiscalização. “O material para o conserto é retirado muitas vezes no paralelo ao lado das próprias estradas, formando crateras. Com a chuva, há retenção de água ocasionando erosão e comprometendo postes da rede de energia elétrica e cercas e aramados das propriedades rurais vicinais”, explica Pilecco.
 
O município de Alegrete possui nove Polos Educacionais Municipais e dois Estaduais que são acessados por meio das estradas rurais. São, em média, 440 quilômetros de estradas percorridas por diversos ônibus escolares no entorno de cada polo. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, nos nove polos municipais são atendidos 843 alunos, sendo 793 do Ensino Fundamental e 150 do Ensino Médio. Em um deles, o da Conceição, se localiza a Escola Municipal de Educação Básica Murilo Nunes de Oliveira, que atende 263 alunos desde o nível A da Educação Infantil até o último ano do Ensino Médio. Estes estudantes permanecem no local entre 9h e 16h, e para muitos a viagem é longa, assim como para os professores.
 
Por isso, Pilecco ressalta a importância da melhoria das estradas, para também garantir segurança no transporte dessas crianças e adolescentes, principalmente em períodos de chuvas elevadas. “No início deste mês de junho, um dos ônibus escolares do Polo do Jacaraí quebrou e as crianças sem nenhuma informação ficaram nas paradas e acabaram retornando para suas casas. Devido às más condições das estradas, é muito comum que os ônibus quebrem ou atolem”, explica.

Foto: Divulgação/AgroEffective
Texto: Rejane Costa/AgroEffective

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