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Peste suína africana ameaça se espalhar pela Ásia, alerta FAO

Rápido início da PSA na China e sua detecção em áreas de mais de mil quilômetros apontam que vírus pode se espalhar


O rápido início da Peste Suína Africana (PSA) na China e sua detecção em áreas de mais de mil quilômetros dentro do país apontam que o vírus mortal pode se espalhar para outros países asiáticos a qualquer momento, afirmou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), na terça-feira (28).

Não existe vacina eficaz para proteger os suínos da doença. E, embora a PSA não represente uma ameaça direta à saúde humana, os surtos podem ser devastadores, com as formas mais virulentas fatais em 100% dos animais infectados.

Até agora, nos esforços para controlar a disseminação da doença, as autoridades chinesas abateram mais de 24 mil suínos em quatro províncias. A China é um dos principais países produtores de suínos e responde por aproximadamente metade da população mundial de desses animais, estimada em 500 milhões de cabeças. Sua cadeia de valor envolve uma ampla gama de produtores, desde pequenas propriedades familiares até grandes operadoras comerciais.

Embora esta não seja a primeira vez que a Peste Suína Africana foi detectada fora da África - surtos na Europa e nas Américas datam da década de 1960 - a sua detecção e dispersão geográfica na China aumentaram os receios de que a doença atravesse fronteiras para países vizinhos do sudeste asiático ou da Península Coreana, onde o comércio e o consumo de produtos suínos também é alto.

Um vírus robusto com uma vida longa

O vírus PSA é muito resistente e pode sobreviver a longos períodos em climas muito frios e muito quentes, e até mesmo em produtos suínos secos ou curados. A cepa detectada na China é semelhante a uma que infectou porcos no leste da Rússia em 2017, mas, até agora, o Centro de Saúde Animal e Epidemiologia da China não encontrou evidências conclusivas da fonte ou dos vínculos desse surto.

 "O movimento de produtos suínos pode espalhar doenças rapidamente e, como neste caso de peste suína africana, é provável que o movimento de tais produtos, ao invés de porcos vivos, tenha causado a propagação do vírus para outras partes da China", explicou Juan Lubroth, veterinário chefe da FAO.

O Centro de Emergência da FAO para Doenças Transfronteiriças de Animais (ECTAD) está se comunicando com autoridades na China para monitorar a situação e responder efetivamente ao surto dentro do país, bem como com autoridades de países vizinhos, para aumentar a prontidão para responder à ameaça de disseminação adicional.

"A FAO começou a trabalhar com o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China há alguns anos e, juntos, montamos um plano de contingência para a PSA e desenvolvemos capacidade de diagnóstico", disse Wantanee Kalpravidh, coordenador regional da FAO-ECTAD. "Também desenvolvemos em conjunto um Programa de Treinamento em Epidemiologia de Campo para Veterinários, que visa fortalecer a investigação epidemiológica, rastreamento de situação de doença, avaliação de risco e preparação para emergências."

A resposta imediata a esse surto será eliminá-lo o mais rápido possível, acrescentou Kalpravidh. No entanto, uma restrição completa no movimento de produtos de origem animal e suína poderia prejudicar esses esforços, advertiu a FAO, uma vez que poderia levar a métodos ilegais de transporte.

Sistemas de resposta em vigor - ação em curso

"Surtos como este são lembretes importantes para todos nós de que devemos trabalhar juntos em um esforço multilateral e intergovernamental para prevenir e responder a surtos de doenças animais, porque essas doenças não conhecem fronteiras", disse Kundhavi Kadiresan, Diretor-Geral Assistente e Representante Regional para a Ásia e o Pacífico. "Uma boa comunicação e coordenação com o setor privado da região é essencial para fortalecer a cooperação na prevenção e controle da PSA", acrescentou.

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