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PIB mineiro dispara 8,1% reforçado pela produção cafeeira e surpreende

O resultado, o melhor desde o início da metodologia atual, surpreendeu os técnicos responsáveis pelo levantamento


Impulsionada por uma expressiva expansão da agropecuária, a economia de Minas Gerais apresentou excelente desempenho no primeiro semestre de 2008. O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, calculado pela Fundação João Pinheiro (FJP), registrou uma elevação de 8,1% no período, superando a média nacional de 6%. O resultado, o melhor desde o início da metodologia atual, surpreendeu os técnicos responsáveis pelo levantamento.

"Foi inesperado. Porém, quando abrimos os indicadores, percebemos que todos os segmentos tiveram crescimento bem elevado. E a agricultura acabou desequilibrando», comentou a coordenadora executiva do Centro de Estatística e Informação (CEI) da FJP, Maria Helena Magnavaca Alencar. Antes o maior resultado para o acumulado do PIB havia sido alcançado no terceiro trimestre de 2004 (6,21%). No último semestre, o setor de serviços, que tem a maior participação na economia, cresceu 6,4%, enquanto a indústria apresentou uma elevação de 6,3%. A agropecuária, por sua vez, foi o destaque, com uma taxa de 17,1%, puxada pela produção cafeeira, principal diferencial no período, na avaliação de Magnavaca.

«Em 2007, o café teve queda de 25,5%, derrubando o setor. Como é uma cultura bianual, neste ano, crescerá 42,6%», explica, argumentando que o perfil das empresas do Estado também contribuiu para o bom resultado do PIB. «Minas tem um parque fabril muito diversificado e muito forte em bens intermediários, então cresce antes dos outros. A agricultura e a pecuária também são muito fortes. E os serviços acompanham esses dois segmentos», completa.

No caso da agropecuária, a técnica do CEI Maria de Fátima Almeida Barbosa Gomes relata que houve um crescimento generalizado, exceto na bovinocultura de corte. «A produção vegetal teve um acréscimo de 23%, sendo que, além do café, que terá safra recorde e afeta bastante o setor, a cana subiu 18,5%, impulsionada pelo setor sucroalcooleiro, e outros grãos também com produção ascendente», observa. A safra de trigo, por exemplo, subiu 40,8%, a de milho, 9,1%, e a de soja, 4,3%. O feijão também registrou crescimento positivo (19%).
A pecuária apresentou elevação de 5,1%, devido aos acréscimos no abate de suínos (10,5%), abate de aves (8,2%), produção de leite (14%), que tem alto valor agregado, e de ovos (6,4%). «A queda no abate de bovinos é resultado da redução de matrizes», afirma Maria de Fátima.

O levantamento da FJP mostra ainda que indústria e serviços tiveram oscilações menores que o setor de agropecuária, segundo Magnavaca, acompanhando de perto os números nacionais. «Devido à sua importância relativa, a indústria de transformação, com alta de 5,6%, contribuiu mais incisivamente para a formação da taxa global do setor industrial. Em seguida, aparece a construção civil (9%), bastante aquecida em todo o Estado, tanto na área residencial quanto pelas obras públicas, e a extrativa mineral (8,1%), tendo como principal produto o minério de ferro», detalha a economista.

Entre os segmentos com melhor desempenho para a formação do PIB, o de veículos ocupa a primeira posição, registrando uma expansão de 19,6% no primeiro semestre do ano. «A Fiat, que atende 25% do mercado brasileiro de automóveis, tem contribuição importante, porém a Iveco, em Minas, também vem se destacando. Sua participação nas vendas de veículos pesados, no país, passou de 4,5% para 8% neste ano», analisa.
Outras áreas com resultados positivos foram minerais não-metálicos (11,8%), refino de petróleo, com alta de 10%, e a metalurgia básica, que cresceu 3%, mas representa 25% da indústria de transformação. O ponto negativo ficou por conta dos setores de Bebidas, Fumo e Têxtil, que tiveram retração de 0,6%, 4,7% e 7,9%, respectivamente. «Não chegaram a comprometer o resultado do PIB. E os têxteis, especificamente, já começam a apresentar melhora em julho, com a valorização cambial que vem ocorrendo. Isso poderá dificultar um pouco a importação, favorecendo o produto nacional», adianta.

No ramo de serviços, Maria Helena Magnavaca alega que a influência da expansão do crédito aos consumidores foi fundamental para o desempenho positivo alcançado no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. «O setor cresceu um pouco acima da taxa nacional, com a atividade de comércio e serviços de manutenção e reparação apresentando expansão de quase 10%, principalmente com as facilidades para o financiamento de bens, prazos alongados, aliados aos melhores indicadores de emprego e renda», salienta. Os campeões de vendas, citou, foram veículos, motocicletas, partes e peças (22,3%), seguidos por móveis e eletrodomésticos (21%) e combustíveis e lubrificantes (10,5%). As demais áreas do segmento de serviços, como transportes, armazenagem e correios, segundo a especialista, acompanham o ritmo da economia e, por isso, também tiveram bons resultados.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Robson Braga de Andrade, ressaltou que o crescimento do PIB mineiro acima da média nacional reflete o «esforço dos empresários, que têm aproveitado com competência e ousadia o bom momento da economia». Entretanto, apesar dos resultados expressivos, Magnavaca aposta em taxas de crescimento menores nos próximos trimestres e acredita que o PIB estadual feche o ano com uma expansão entre 6% e 6,5%.

«O café deve cair um pouco e há alguns problemas, como juros elevados e a crise internacional, que podem impactar em alguns setores. Já se percebe uma desaceleração em indústrias, como veículos, refino de petróleo, minerais não-metálicos. Por isso, será difícil manter um ritmo de expansão como o apresentado até agora», prevê. O técnico do CEI Pedro Henrique da Silva Castro acrescenta que, de qualquer forma, 2008 será um ano com desempenho positivo em todo o Brasil. «Mesmo com uma desaceleração, o crescimento ainda será muito grande. A preocupação será com os números de 2009», adverte.

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