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PIB mineiro registra queda real de 0,6%

Após acender uma fagulha de esperança na economia mineira, o PIB do Estado voltou a decepcionar em 2016


Após acender uma fagulha de esperança na economia mineira, o PIB (Produto Interno Bruto) do Estado voltou a decepcionar em 2016. Diferentemente da ligeira alta observada no segundo trimestre (0,1%), o PIB de Minas Gerais recuou novamente no terceiro trimestre, fechando com queda real de 0,6% na comparação com os três meses anteriores, na série com ajuste sazonal. A agropecuária, que ao longo do ano vinha apresentando contribuição positiva para a região, dessa vez se tornou um dos vilões, ao registrar uma retração de 3,8% frente ao segundo trimestre, puxando o indicador para baixo.
 
As outras duas atividades econômicas que compõem o PIB, indústria e serviços, também tiveram desempenho ruim, com recuo de 1,0% e 0,5%, respectivamente. Mesmo não tendo alcançado um dígito, a queda nos serviços trouxe grande impacto, principalmente considerando o fato de que o setor tem um peso significativo para o Estado, representando 65,5% do VAB (Valor Adicionado Bruto). Os dados foram divulgados ontem pela FJP (Fundação João Pinheiro).
 
O recuo na agropecuária no terceiro trimestre acabou sendo uma surpresa no resultado do indicador. Nem mesmo a expansão na produção do café arábica de julho a setembro foi capaz de compensar a retração em outras culturas, como o milho 2ª safra, o feijão 2ª e 3ª safras, sorgo, trigo, banana, abacaxi, cebola e mandioca. O pesquisador da FJP Thiago Rafael de Almeida explica que apesar de não esperar a queda no setor, já existia uma expectativa para a influência negativa desses itens no PIB do período.
 
“O que ajuda a entender porque a agropecuária foi negativa nessa comparação é a questão também de estarmos falando de safras completamente diferentes (em termos de trimestres). Então o ponto que destaquei foi a questão da soja, que influenciava positivamente no segundo trimestre junto com a cana-de-açúcar e o café. E no terceiro você já não tem mais a soja, pois a sua colheita terminou no segundo trimestre”, pondera o pesquisador.
 
Ociosidade
 
Na indústria, três dos quatro subsetores tiveram desempenho ruim no terceiro trimestre: construção civil (-2,3%), transformação (-1,1%) e extrativa mineral (-1,1%). Na construção civil, a grande oferta de unidades residenciais prontas e a dificuldade de venda, motivada pela restrição do crédito e o elevado índice de desemprego do País, explicam o resultado desfavorável. Enquanto isso, a indústria de transformação sofre com a desaceleração da economia e a baixa intenção de investimento das empresas, ainda com alto nível de ociosidade.
 
Já a extrativa mineral ainda amarga os efeitos do rompimento da barragem de Fundão da Samarco, em Mariana, na região Central, e a baixa nos preços do minério de ferro no mercado internacional. Somado a isso, há o impacto da opção da mineradora Vale em expandir a produção da commodity no sistema Norte, no Pará. Hoje, a produção em Minas tem se mostrado mais onerosa do que no extremo do País. No setor de serviços, o peso negativo vem das retrações em transporte (-1,9%) e comércio (-0,8%).
 
No confronto entre o terceiro trimestre deste ano com igual período de 2015, o PIB caiu 1,9% no Estado. Também neste caso, os mesmos setores e segmentos contribuíram para a queda do indicador. A indústria fechou com recuo de 4,2% e os serviços, com redução de 1,5%. A exceção, porém, ficou por conta da agropecuária, que teve alta de 2,0%.
De janeiro a setembro, o PIB mineiro recuou 3,1% frente ao mesmo intervalo do ano anterior, enquanto no acumulado em quatro trimestres houve baixa de 4,2%. Apesar dos números negativos, o Estado teve desempenho melhor do que a média do País em todas as bases de comparação.
 
Sobre o próximo e último trimestre deste ano, Thiago Rafael evita fazer projeções, mas avalia que é possível que tenha alguma melhora na comparação com igual período de 2015, que teve forte influência negativa do acidente ocorrido na barragem da Samarco em Mariana.
 
“É muito difícil falar em projeção. Mas tem um efeito importante a ser observado no quarto trimestre, porque no quarto trimestre do ano passado foi quando ocorreu o rompimento da barragem de Fundão e agora não tem esse rompimento. Então, se não acontecer nada, quando você pega pela ótica de um quarto trimestre que foi muito ruim, talvez tenha alguma melhora. Mas realmente é preciso ver a composição de todos os setores”, pondera.

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