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Piracicaba (SP) será base de venda externa de colheitadeiras da CNH


A Case New Holland (CNH), maior fabricante de máquinas agrícolas do mundo, está trocando a Austrália pelo Brasil. A multinacional italiana, pertencente ao grupo Fiat, vai fechar sua fábrica em Bundaberg, na Austrália, e transferir a produção para Piracicaba, no interior de São Paulo. "Vamos transformar Piracicaba em plataforma mundial de exportação de colheitadeiras de cana-de-açúcar", diz Valentino Rizzioli, presidente da CNH para a América Latina. A CNH espera fechar o ano com faturamento próximo de R$ 2,7 bilhões, 20% maior que a registrada em 2002.

Serão investidos R$ 20 milhões para triplicar a capacidade de produção da fábrica de 100 para 300 máquinas por ano. Serão criados 100 empregos diretos e 200 indiretos, junto aos fornecedores de peças. Cerca de 70% da produção será exportada para América Latina, EUA Ásia, Oceania e Oriente Médio.

"Escolhemos o Brasil porque o índice de mecanização dos canaviais brasileiros é baixíssimo, de apenas 20%", diz Rizzioli. A localização também é estratégica: 80% da demanda mundial por colheitadeiras de cana-de-açúcar está no continente americano.

Além disso, a CNH está de olho no enorme potencial do mercado de automóveis bicombustíveis, movidos a gasolina e álcool e que começam a ser produzidos neste ano no País. "Além do consumo interno crescer, há uma grande possibilidade do Brasil exportar álcool, que é um combustível limpo", diz o executivo. O estado de São Paulo é dono do maior canavial do mundo, com uma área plantada de 3,2 milhões de hectares e uma produção anual de 330 milhões de toneladas.

Outra vantagem é o baixo custo de produção, se comparado com a Austrália, e a proximidade com os fabricantes de peças. "Cerca de 80% dos fornecedores de componentes estão no estado de São Paulo, barateando o nosso custo", afirma Rizzioli. Hoje, o índice de nacionalização das máquinas se situa entre 75% e 80%. A meta é chegar no final de 2004 com índice de 85%.

Mais um fator pesou na decisão da empresa. Em 2002, a CNH investiu R$ 20 milhões na construção de um centro de logística em Itu, no interior de São Paulo. O centro é responsável pela reposição de peças para consumidores de todo o Brasil e América Latina, e também atenderá os compradores de colheitadeiras de cana.

"Esse investimento consolida a vocação de São Paulo para o agronegócio", diz o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin. O anúncio do investimento foi feito ontem à tarde, no Palácio dos Bandeirantes. A agropecuária - da porteira para dentro - representa 4,5% do PIB do estado. Já o agronegócio, sozinho, é responsável por 39% do PIB paulista.

A CNH não é a única apostar no País. No início deste ano, foi a vez da Agco, dona da marca Massey Ferguson, trocar a Inglaterra pelo Brasil. A empresa decidiu desativar sua unidade em Coventry, na Inglaterra, e transferir a produção para Canoas, no Rio Grande do Sul, transformando-a em plataforma de exportações. Para isso, a Agco investiu US$ 15 milhões na ampliação da fábrica de Canoas.

Entre janeiro e maio deste ano, as indústrias de máquinas agrícolas exportaram 7,1 mil unidades, 73,2% mais em relação a igual período do ano anterior, informa a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em termos de receita, os embarques somaram US$ 409,6 milhões no período, um aumento de 51% no período.

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