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Plano Agrícola 2011/2012 frustra entidades agrícolas do Paraná

Críticas convergem contra o excesso de burocracia no acesso ao crédito


Na contramão das declarações do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que considerou inovador o Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012 anunciado na sexta-feira (17), as entidades que representam o setor no Paraná se mostraram bastante frustradas com o teor do que foi anunciado. Em linhas gerais, as críticas convergem contra o excesso de burocracia no acesso ao crédito, bem como a unificação do limite de custeio, em R$ 650 mil, independentemente da cultura. Outro agravante se refere ao Seguro Agrícola, ou melhor, a falta de qualquer explicação sobre como ele será operacionalizado neste ano.


Para o economista do Departamento Técnico/Econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola, tanto o Plano Safra quanto o Plano Agrícola estão em um nível de esgotamento, sobretudo, por terem se configurado em ações políticas. “Eles foram transformados em eventos e a efetividade dos programas foi comprometida. Uma das demandas da Faep, de transformar a vigência do plano para um período de cinco anos, a fim de poupar o produtor da saga da documentação para se habilitar ao crédito, nem é levada em conta. Isso somado ao excesso de burocracia restringe o acesso ao crédito ofertado. Tanto que há programas que não chegam nem a 50% de contratação”, observa Loyola.

“O principal problema do plano é a dificuldade de acesso ao crédito somada as garantias requeridas”, acrescenta o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. Na análise de Turra, plantio e produção vão aumentar na próxima safra devido aos bons preços pagos pelo mercado. “O Plano Safra e o Plano Agrícola, especialmente no Paraná, não terão influência nenhuma sobre o crescimento do plantio e da produção. O plano em si é desanimador”, define.

Um dos aspectos do plano que mais causaram descontentamento foi a unificação do limite de custeio em R$ 650 mil. “O milho já contava com isso e com a vantagem do produtor acessar o crédito de outra cultura. Agora, porém, R$ 650 mil é o teto, independentemente de quais culturas se pretende plantar”, conta Turra. Tal medida atinge diretamente o Paraná, já que o Mato Grosso não possui safra verão de milho. “No Paraná, o produtor terá que optar se o crédito vai para a soja ou para o milho”, acrescenta. O economista da Faep, Pedro Loyola, ressalta que o montante anunciado para custeio consegue suprir o custo do plantio de uma propriedade de 400 hectares, no caso dos grãos. “Os grãos demandam de mais investimentos do que batata ou laranja. E, no Estado, os grãos respondem por 70% das nossas exportações”.


Quanto ao seguro agrícola, tanto Faep quanto Ocepar, mostram-se completamente insatisfeitas com o descaso do governo Federal. “Em qualquer País, o governo divide ou banca integralmente o seguro devido ao alto risco a qual a agricultura está exposta. No Brasil, o programa existe aos trancos e barrancos. Desde outubro o governo não paga a sua parte, o que dificulta ainda mais a liberação do seguro para os produtores”, conta Loyola.

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