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Plano Safra chega em momento crítico para o produtor

A avaliação é do analista de mercado da Faeg, que afirma o produtor tem de fazer muito cálculo antes de decidir o que plantar e quanto plantar


Quando o governo federal divulgar, nesta sexta-feira (29-06), o Plano Safra 2007/2008, poucos produtores brasileiros terão condições reais para tomar decisões sobre o novo plantio. A opinião é do economista Pedro Arantes, analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), que considera o momento crítico para o produtor.

“Com o aviltamento de preços das commodities e com a indiferença do governo em relação ao endividamento do setor rural, o produtor tem de fazer muito cálculo e usar de muita cautela antes de decidir o que plantar e quanto plantar”, diz Pedro Arantes.

De acordo com o técnico da Faeg, a saca de soja no mercado goiano continua patinando entre R$ 24,00 e R$ 25,00, bem abaixo do custo de produção, que hoje está ao redor dos R$ 26,00. Ele acrescenta que a soja em mão do produtor pode alcançar entre R$ 29,00 e R$ 30,00 a saca, mas essa não existe na prática, já que por não encontrar armazém disponível ou para fugir dos custos da armazenagem, o produtor, em geral, prefere depositar o produto em uma empresa esmagadora para comercialização futura.

Conforme Pedro Arantes, essa estratégia poderia ser muito boa, se não deixasse o produtor praticamente à mercê das empresas, que impõem seus preços de compra na certeza de que o proprietário do produto não tem outra alternativa senão aceitá-los. Ele explica que para comercializar seu estoque no mercado, o produtor precisa pagar à empresa depositária todo o período de armazenagem do produto, o que na maioria das vezes acaba não compensando.

O analista de mercado da Faeg diz que a inversão das boas expectativas para o mercado de soja este ano se deve em grande parte à não confirmação das estimativas para a produção no Estados Unidos. A redução prevista de 3,5 milhões de hectares na área plantada, resultou em apenas 2 milhões de hectares, o que deve deixar a produção ao redor dos 80 milhões de toneladas. Com isso, os estoques mundiais de 63 milhões de toneladas deve cair para algo ao redor de 53 milhões de toneladas, quando o normal seria de 35 milhões a 36 milhões.

Com relação ao milho a situação não é melhor. Com custo de produção estimado pelo Faeg em R$ 16,10 a saca, a cotação do produto no mercado goiano não consegue superar o preço mínimo oficial, que é de R$ 14,00. Segundo Pedro Arantes, mesmo com os prejuízos registrados na safrinha (safra de inverno), a produção de milho ainda foi bem maior que a demanda interna, resultando em um estoque de passagem superior a 8 milhões de toneladas, apesar do aumento das exportações de 5 milhões para 7 milhões de toneladas.

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