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Plantio de feijão na Argentina chega a 45% da área estimada


O Brasil já chegou a importar cerca de 200 mil ton de feijão anualmente. Mas após a desvalorização cambial em janeiro/1999 este volume diminuiu significativamente. Em 2001 as importações totalizaram 105 mil ton e em 2002 as compras externas se resumiram a apenas 57 mil ton.

Praticamente todo o volume importado pelo País é originário da Argentina e tem como principais destinos o mercado de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. O feijão importado anualmente é predominantemente do tipo preto, motivo pelo qual, historicamente as compras externas pouco influenciam no mercado do carioca durante o ano, especialmente no segundo semestre.

De certo modo, o feijão argentino vem tentando se manter competitivo dentro do mercado brasileiro, particularmente após a sobrevalorização do real em janeiro/1999. Em 2001, quando o câmbio no Brasil ficou em média a R$ 2,35/dólar, as importações foram executadas com um preço médio de US$ 24,0/60 kg FOB fronteira. Já no ano passado, com o câmbio a R$ 2,92/dólar, o custo médio de importação no Brasil baixou para US$ 16,20/60 kg FOB fronteira.

Mas a queda dos preços no país vizinho não evitou a redução das importações, reflexo do dólar mais caro no Brasil. Os altos preços na fronteira permitiram bons níveis de comercialização para o feijão preto no Brasil durante todo o decorrer do segundo semestre nos últimos dois anos.

A área plantada de feijão na Argentina está estimada em 244 mil ha, cerca de 7% abaixo do ano passado. Se este número se concretizar, será a menor área no país desde a safra 1994/95. Em 2002, a produção foi estimada em 278 mil ton e neste ano, considerando a mesma produtividade da safra passada, a oferta na Argentina pode chegar a 260 mil ton, o que resultaria no mais baixo nível desde 1996.

Cerca de 45% da respectiva área estimada na Argentina já foi plantada. O período entre junho e outubro geralmente é caracterizado pelo maior volume de importações no Brasil, quando sazonalmente estamos em entressafra e com uma disponibilidade feijão bastante modesta, basicamente oriunda das lavouras irrigadas de Goiás e Minas Gerais.

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, as importações de feijão pouco influenciam no mercado interno do carioca, principalmente nos últimos anos, quando a desvalorização da moeda brasileira protegeu sobremaneira a produção nacional. Como informado anteriormente, as compras externas são formadas basicamente pelo feijão preto, cuja produção no Brasil se concentra em grande parte nos primeiros meses do ano, com a safra da região Sul.

Considerando um consumo médio diário no Brasil em torno de 8.000 kg/dia, as importações no ano passado, por exemplo, não representaram nem mesmo 10 dias de consumo no País. Ainda assim, os preços do feijão preto no Brasil, ao contrário do carioca, acabam por sofrer influência direta das importações provenientes da Argentina e dos preços de exportação neste país.

Mas tudo indica que neste ano, o produto argentino deve continuar com uma competitividade moderada no mercado brasileiro. O motivo é simplesmente o dólar no Brasil, o qual está neste ano 50% mais valorizado do que em 2002.

Considerando os atuais indicadores de preços para o feijão na Argentina (em torno de US$ 330,0/ton FOB), a paridade de importação estaria em R$ 71,0/60 kg na fronteira. Com os preços do feijão preto no Paraná atualmente a R$ 64,0/sc, percebe-se que há potencialmente margem de queda nos preços internamente até o período de colheita na Argentina.

Esta projeção tem como base, a diferença média entre os indicadores FOB Argentina e os preços do feijão preto nas regiões produtoras do Paraná nos últimos 30 meses, registrada em média a R$ 12,13/saca. Atualmente, esta diferença está em apenas R$ 7,00/saca, o que pode ser explicado pela entressafra na Argentina. Mas se considerarmos a diferença média citada acima (R$ 12,13/sc), os atuais preços no país vizinho indicam uma paridade possível para o Paraná de R$ 58,87/sc.

Apesar do dólar 50% mais valorizado em relação ao ano passado, os preços na Argentina estão indicados com um recuo de 45% em relação a fevereiro/2002, quando o feijão estava cotado a US$ 600,0/ton FOB origem. Assim, apesar dos atuais indicadores mostrarem que os preços do feijão preto podem se manter em patamares remuneradores durante todo o decorrer deste ano, demonstram ainda, que o produto argentino será mais uma vez um referencial de alta no mercado interno para esta variedade.

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