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Plantio Direto exigiu esforço de pesquisa em máquinas e equipamentos

Palestra apresenta a contribuição da indústria, da pesquisa e do setor produtivo na evolução das máquinas de plantio direto


Palestra apresenta a contribuição da indústria, da pesquisa e do setor produtivo na evolução das máquinas de plantio direto

Herbert Bartz iniciou o sistema de plantio direto sobre a palha em 1972, após uma viagem à Europa e Estados Unidos. Na época, importou a semeadora que estava sendo usada por outro produtor, Shirley Phillips. Juntamente com um grupo de produtores de Ponta Grossa, formou o “Clube da Minhoca”, que se transformou na Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha. De lá para cá a técnica vem sendo estudada e aprimorada, e hoje o Brasil é reconhecido como referência na área.

A contribuição da indústria, da pesquisa e do setor produtivo na evolução das máquinas de plantio direto foi tratada pelo pesquisador em mecanização e plantio direto do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Ruy Casão Júnior no 41º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (CONBEA) e 10º Congreso Latinoamericano y Del Caribe de Ingeniería Agrícola (CLIA).

A primeira instituição a pesquisar o tema foi o Iapar, seguido pela Embrapa Trigo, nos anos de 1970. No final de 1980 e início de 1990, empresas como Semeato, Imasa, Fankhauser, Vence Tudo, Jumil, Baldan, Marchesan, por exemplo, passam a trabalhar no desenvolvimento de semeadoras de precisão.

As décadas de 1980 e 1990 foram de desenvolvimento promissor e expansão do plantio direto. "Em 1992 a área de plantio direto no Brasil era de um milhão de hectares. Hoje temos 32 milhões de hectares. No mundo são 125 milhões de hectares", afirma Casão.

Segundo o pesquisador, foi entre essas décadas que as indústrias e a pesquisa e extensão rural se debruçaram sobre o desenvolvimento de máquinas adequadas para cada região. “Na época não havia certeza do que era necessário uma máquina de plantio direto, e as pesquisas foram revelando necessidades e aprimorando os equipamentos”, diz.

As primeiras máquinas eram de fluxo contínuo, para culturas de inverno. Os produtores pioneiros que desejavam realizar o plantio direto também das culturas de verão tinham de adaptar os equipamentos. “O desafio desta época era desenvolver máquinas para as culturas de verão, as plantadeiras de precisão. As que existiam não trabalhavam bem em solos argilosos, embuchavam, as ondulações do terreno prejudicavam e devido a estrutura frágil, quebravam com facilidade”, conta o pesquisador.

Em meados de 1990 as plantadeiras já eram capazes de trabalhar em solos mais férteis, com textura argilosa, graças a uma estrutura reforçada, capaz de suportar solos compactantes. Casão lembra que “ao mesmo tempo surgiram sistemas de distribuição de sementes aperfeiçoados, como o de distribuição pneumático. Os dosadores de discos também foram aperfeiçoados, passaram a ser usados dosadores de fertilizante do tipo rosca-sem-fim, que foi incorporado por todos os fabricantes e é usado até hoje. Além disso, o uso do plástico tornou as máquinas mais duradouras”.

Os fabricantes melhoraram também o dimensionamento estrutural das máquinas, que passaram a ser mais resistentes. Houve aperfeiçoamento também na regulagem e distribuição de fertilizantes, semente, profundidade da semente, corte da vegetação entre outros componentes. A concorrência criada entre as indústrias estimulou o aprimoramento da semeadura de fluxo contínuo e de culturas múltiplas (inverno/verão).

A tecnologia chega também ao pequeno produtor

Ao final da década de 1990 é que o plantio direto se popularizou junto aos pequenos agricultores. Nas propriedades do sul do Brasil eles passaram a utilizar semeadora direta à tração animal. Embora não tenha proporcionado uma transformação na quantidade da produção, foi um avanço significativo nas condições de vida do pequeno produtor, que obteve maior rendimento de seu trabalho e pode investir em alternativas de maior valor agregado, como a criação de aves, suínos, gado leiteiro. “Isso provocou uma revolução econômica no segmento da agricultura”, enfatiza Casão.

O plantio direto alcançou também as demais regiões do Brasil. A indústria investiu em tecnologias e na produção de máquinas capazes de atender às necessidades do país inteiro. No início de 1990 as máquinas tinham um porte médio de 7 a 9 linhas de soja; hoje é comum encontrar máquinas com 17 a 29 linhas. Atualmente o Brasil exporta plantadeiras para o mundo. “Nossas máquinas são consideradas as melhores e mais baratas do sistema internacional de plantio direto”, diz Ruy Casão.

O Brasil é uma potência na técnica de plantio direto sobre a palha, no entanto, de acordo com Casão, ainda há muito a se fazer. “O plantio direto ainda não atende um de seus fundamentos básicos, a manutenção da palhada. Isso porque não há, de fato, preocupação com a formação de palhada. No sul do Brasil, que tem melhor cobertura, não chega a 50% de palha no solo, na região norte não chega a 30%. Isso porque o que predomina é a sucessão de cultura, como soja/milho, e não a rotação de cultura para formação de palhada, como a plantação de aveia, nabo, tremoço, guandu, entre outros”, explica o pesquisador. Para Casão, é preciso estimular o agricultor a investir em formação de palhada e a indústria a produzir máquinas capazes de plantar sob grande quantidade de palha sobre o solo.

Casão destaca que o sistema trouxe importantes avanços e benefícios à produção de grãos. “O plantio direto passou a ajudar no controle da erosão, a diminuir os custos da produção e aumentou em cerca de três vezes a produção agrícola. Ele é benéfico em todos os sentidos, desde condições físicas, químicas, biológicas, até do equilíbrio do meio. As adversidades que pode provocar – como fungos e pragas – podem ser tranquilamente administradas, a maioria pode-se resolver com a rotação de culturas”, ressalta.

Os organizadores do CLIA/CONBEA/ são a Associação Brasileira de Engenharia Agrícola (SBEA), Asociación Latinoamericana y del Caribe de Ingeniería Agrícola (ALIA), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e EMATER. Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Londrina Convention & Visitors Bureau são os apoiadores.

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