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Por falta de oferta, frigorífico Friboi fecha as portas

O frigorífico Friboi em Cáceres (MS) fechou as portas por um período de 20 dias, por falta de oferta de boi gordo para o abate


A planta industrial do frigorífico Friboi em Cáceres (MS) fechou as portas por um período de 20 dias, por falta de oferta de boi gordo para o abate. “Aproveitamos este período de escassez de produto para fazer reformas na planta e dar férias coletivas aos nossos funcionários”, disse ontem uma fonte do frigorífico.

A unidade do Friboi em Cáceres (225 quilômetros a oeste de Cuiabá) tem 550 funcionários e a capacidade de abate é de 600 animais/dia. Os trabalhos deverão ser retomados somente no próximo dia 21.

De acordo com um funcionário do setor de abates da empresa, as compras vinham diminuindo nos últimos dias e, com isso, o frigorífico chegou a abater apenas 450 cabeças/dia. As unidades do Friboi em Araputanga e Pedra Preta/Rondonópolis, localizadas ao noroeste e sul do Estado, continuavam funcionando normalmente ontem.

Os frigoríficos temem que haja um “componente especulativo” no setor para forçar uma alta maior nos preços pagos aos pecuaristas .

Quinta-feira (02-08), por exemplo, houve alta de R$ 1 nos preços da arroba do boi gordo em quatro regiões da área habilitada para exportação à União Européia (UE), de acordo com levantamento do Centro de Comercialização de Bovinos (Centro Boi) da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato).

Em Araputanga (345 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), o Friboi aumentou sua oferta de R$ 57/arroba para R$ 58. Em Pontes e Lacerda (448 quilômetros a oeste de Cuiabá), o frigorífico Arantes Alimentos pagou ontem R$ 58 pela arroba do boi gordo, contra os R$ 57 ofertados no dia anterior.

O Friboi de Barra do Garças (509 quilômetros ao leste de Cuiabá) elevou sua cotação para R$ 59 e, em Tangará da Serra (239 quilômetros ao médio norte de Cuiabá), o Marfrig ofereceu o melhor preço do Estado nos últimos quatro anos: R$ 60/arroba.

Em outras praças da região habilitada, como Paranatinga (373 quilômetros ao sul de Cuiabá) e em Várzea Grande (região metropolitana de Capital), os preços continuaram estáveis em R$ 59 para as plantas Marfrig e Sadia, respectivamente.

VACA GORDA - Os preços da vaca também apresentaram cotações idênticas para as regiões habilitadas do Estado, com os valores oscilando de R$ 47 a R$ 51.

ESCASSEZ - Na avaliação do diretor financeiro da Famato, Eduardo Alves Ferreira Neto, o que se observa no momento é a escassez na oferta de animais como conseqüência direta do aumento de abates de matrizes nos últimos anos, para controlar os preços do boi gordo.

Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola da Famato (Imea) apontam que o número de vacas abatidas aumentou de 1,2 milhão, em 2003, para 2,4 milhões, no ano passado, alta de 100%.

Alves lembra também que os pecuaristas estão com dificuldades para fazer a reposição dos animais. Segundo ele, quando o produtor vende um boi ele precisa repor o animal com dois ou três bezerros. “Esta reposição é que não está sendo compensatória para o pecuarista”, diz, acrescentando que no momento há menos oferta de bezerros no mercado devido ao aumento de abate de fêmeas nos últimos anos.

PECUARISTAS – Os pecuaristas confirmam que está havendo “redução” na oferta de boi gordo para abate porque “os preços ainda não são ideais”.

Segundo o secretário executivo da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, os pecuaristas estão dispostos a “dar uma segurada no boi” para forçar uma melhora nos preços.

“Nesta época [de estiagem], o boi de pasto praticamente não existe para oferta. O que existe é o gado de confinamento, que está sendo mantido com ração e consumindo muito alimento. Com isso, há aumento dos custos da manutenção do animal que deve ser compensado com melhores preços”, explica.

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