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Poucos negócios no disponível e avanço nas exportações de soja


A colheita da soja no Brasil deve alcançar cerca de 35% do plantio nesta semana. Na Argentina, o índice já ultrapassa 10% do total da área plantada.

Mesmo com o avanço das colheitas no Brasil, grande parte das atuais entregas de soja ainda é resultado dos negócios antecipados efetuados entre indústrias e produtores no decorrer do ano passado, especialmente em regiões como Goiás e Mato Grosso.

Tudo indica que a maior parte da soja não vendida antecipadamente pelos produtores terá no curto prazo uma fixação de preços bastante lenta. Apesar das indústrias poderem receber esta soja, os atuais níveis de preços não estimulam a fixação de preço e fechamento de negócios por parte dos produtores, principalmente nos Estados onde os indicadores estão abaixo da paridade com o mercado internacional, tais como Mato Grosso, Goiás e São Paulo.

Mas apesar dos negócios no mercado disponível ainda em ritmo lento, as exportações ao contrário seguem com um ótimo avanço no Brasil.

Considerando os dois primeiros meses do ano (janeiro e fevereiro), as exportações do grão já atingiram 435 mil ton, contra 224 mil ton no mesmo período do ano passado. O preço médio de venda fechou nestes dois primeiros meses em US$ 210,0/ton FOB, contra US$ 180,60/ton no ano passado.

Do total exportado entre janeiro e fevereiro, 11 mil ton foram destinadas à China, quase 40% acima do ano passado, mas ainda muito pouco perto do potencial para este ano, que é de 5,0 milhões ton do grão. Com a emissão pelo Governo chinês nos últimos dias dos primeiros certificados autorizando a entrada da soja brasileira naquele país, o volume a ser exportado pelo Brasil deve aumentar ainda mais já nas próximas semanas.

Nas três primeiras semanas deste mês de março, as vendas externas diárias de soja no Brasil mais do que dobraram, segundo a SECEX, fechando a US$ 24,510 milhões, 131% acima do mês de fevereiro e 126% superior ao mesmo período do ano passado.

Com exceção do impacto do aumento dos custos do frete marítimo, ainda não há nenhuma expectativa de que o conflito entre EUA e Iraque possa prejudicar os embarques sul americanos nas próximas semanas. Mas com os preços internacionais praticamente estagnados, os altos custos de transporte não somente externos, mas principalmente internos, acabam pressionando os preços nas regiões mais centrais do País. Isto vem ocorrendo em regiões como Goiás e Mato Grosso, onde as indústrias indicam níveis de preços muito abaixo da paridade com o mercado internacional, tentando repassar parte dos seus custos adicionais aos produtores.

As exportações de farelo e óleo de soja também seguem em um bom ritmo. Ainda considerando os dois primeiros meses deste ano, as exportações de farelo fecharam em 1,670 milhões ton (+ 37%) e do óleo de soja bruto em 273 mil ton (+ 140%).

As estimativas da ABIOVE para esta safra indicam que as exportações do complexo soja poderão atingir 20,0 milhões ton (grão), 14 milhões ton (farelo) e 2,35 milhões ton (óleo), com um aumento de 20% no volume em relação ao ano de 2002.

Com grande parte da soja já comercializada antecipadamente pelos produtores e o avanço significativo das exportações logo nestes primeiros meses do ano, percebe-se que a entressafra nacional pode chegar mais cedo nesta safra. Os fatores limitantes a preços muito altos nos próximos meses têm sido basicamente os baixos níveis na Bolsa de Chicago para o segundo semestre e a forte tendência de queda do dólar após a melhor definição da guerra entre EUA e Iraque.

Durante as últimas semanas, os negócios em Chicago para os contratos de soja em grão com vencimento entre maio e agosto/2003 fecharam em média a US$ 5,65/bushel. Nas posições de setembro e novembro/2003 a média tem sido de US$ 5,26/bushel e para janeiro e março/2004 em US$ 5,18/bushel. Ou seja, há uma queda gradual do mercado internacional no longo prazo, reflexo da safra recorde sul americana e das expectativas de melhores condições climáticas e uma maior oferta na safra 2003/04 nos EUA, a ser colhida a partir de setembro/outubro próximos.

Com relação ao dólar, este já deu claros sinais de queda desde o início deste ano, em virtude dos melhores indicadores macroeconômicos e políticos no Brasil. A queda do câmbio abaixo de R$ 3,00/dólar somente não ocorreu devido aos problemas políticos na Venezuela (já superados) e principalmente em virtude do atual conflito entre EUA e Iraque.

Levando em consideração os últimos fechamentos na Bolsa de Chicago para os contratos com vencimento em 2003, estimamos uma paridade com o mercado internacional para os Estados do Paraná, São Paulo, Goiás e Mato Grosso em torno de US$ 9,95/sc no mês de maio, US$ 10,06/sc (julho e agosto), US$ 11,17/sc (setembro) e US$ 11,42/sc (novembro).

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