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PR perde R$ 800 mi com a ferrugem

Projeção com base nas despesas para o controle da doença e nas perdas provocadas pela redução da produtividade


Londrina - Os produtores paranaenses de soja tiveram um prejuízo de aproximadamente R$ 800 milhões na safra 2008/09 provocado pela ferrugem asiática. O valor é resultado de cálculos realizados a partir de números apresentados ontem, em Londrina (Norte do Paraná), durante a reunião do Consórcio Antiferrugem. O evento contou com a participação de mais de 100 pesquisadores de 17 estados brasileiros, além de representantes da Bolívia e do Paraguai. O evento prossegue hoje com debates sobre formas de manejo e controle da doença.

Segundo dados apresentados pelo pesquisador da Embrapa Soja, de Londrina, Rafael Soares, na última safra o custo médio do combate à ferrugem asiática no Paraná ficou em R$ 52,20/hectare/aplicação. A considerar que as lavouras paranaenses da oleaginosa ocuparam uma área de 4 milhões de hectares e os produtores tiveram de fazer 1,87 aplicação/ha, segundo o pesquisador, o custo para combater a ferrugem da soja ficou em cerca de R$ 390 milhões.

Somado a esta quantia, estão as perdas efetivas de grãos, que deixaram de ser colhidos por causa da queda da produtividade provocada pela ferrugem. Segundo os números apresentados por Soares durante a reunião, as lavouras do grão registraram uma quebra de 4,7% devido ao ataque do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática. Essa redução, diante dos 12 milhões de toneladas do potencial de produção inicialmente previstos , representa cerca de 564 mil toneladas de soja que ficou no campo. O que significa um prejuízo de pouco mais de R$ 410 milhões, diante de uma cotação média de R$ 44/saca do produto.

Levantamento feito pela Gazeta do Povo na primeira quinzena de abril, apontava para um prejuízo de US$ 400 milhões com despesas de aplicação e perdas em produção provocadas pela ferrugem no Paraná.

A produção final do ciclo 2008/09, segundo a Expedição Safra RPC, ficou ligeiramente abaixo das 10 milhões de toneladas. A maior redução ocorreu por causa da estiagem.

Centro-Oeste

Os pesquisadores reunidos em Londrina, observaram que no Brasil as perdas provocadas pela ferrugem no último ciclo foram menores por causa da seca. O pesquisador da Fesurv (Universidade de Rio Verde, em Goiás), Luiz Henrique Carregal, observou que o clima seco não é propício a disseminação da doença, que se desenvolve melhor com a umidade e as temperaturas mais elevadas. "No Centro-Oeste, tivemos uma evolução mais lenta da doença", comentou. O pesquisador afirmou que na região foram plantados 9,9 milhões de hectares com soja. A produtividade inicial prevista era de 51,20 saca/ha, mas a colheita final resultou numa produtividade de 49,05%. "Não dá para falar que a ferrugem foi a culpada por essa queda, mas sim a falta de chuva", comentou.

Carregal observou que os pesquisadores envolvidos no monitoramento da doença no Centro-Oeste estão preocupados com o que pode acontecer na próxima safra pelo não cumprimento à risca da determinação do vazio sanitário. "Estamos vendo muita soja tigüera (que germina com as sobras das colheitas) nos campos da região, e muitas já com a ferrugem. O vazio sanitário é fundamental para o manejo da doença", alertou.

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