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PR quer industrializar seus produtos agrícolas

Projeto pretende agregar valor à produção com estímulo à transformação da matéria-prima em produtos industrializados


Representantes de várias cidades da região Noroeste do Paraná se reuniram nessa quinta-feira (09-11) no escritório regional do Sebrae Maringá para discutir e apresentar um projeto de apoio e desenvolvimento para o setor de alimentos. Agregar valor aos produtos primários da agroindústria é base do programa.

O incentivo à industrialização tem como foco aumentar o faturamento com a comercialização. A iniciativa propõe criar uma rede de parceiros que vai pensar o setor para os próximos dez anos. Participaram da reunião lideranças de diversas entidades, universidades, empresas e poder público.

Segundo Joverci Luiz de Rezende, técnico do Sebrae Paraná, a região Noroeste do estado é destaque nacional na produção de alimentos e pode aumentar a renda se agregar valor a esses produtos. "Em nossa região 223 empresas transformam alimentos primários em produtos industrializados. Temos que aumentar este número", afirma o consultor.

Rezende destaca que será montada uma parceria entre Sebrae, universidades e setor privado. Ele ressalta que o conhecimento é fator preponderante para o sucesso da ação. "Nossa região é uma grande produtora de soja, milho, mandioca, cana e carnes. Temos que aproveitar essa vocação", destaca.

O técnico disse que em estudo realizado pelo Sebrae foram cadastradas empresas formais que atuam em diversas áreas de transformação de alimentos agrícolas. Dentre elas, 31% atuam na produção de derivados farináceos (farinha e fécula de mandioca e polvilho azedo). Grãos beneficiados, torragem e embalagem de café representam 26%, laticínios 13%, carnes 11% , doces 10% e sorvetes 7%.

Capacitação

Mali Benati, prefeita de Nova Esperança e presidente da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep), destaca que o produtor precisa de capacitação e aproximação das empresas para escapar do atravessador e obter mais lucro.

"É uma ação de extrema importância que prevê organizar a economia dos municípios. A agregação de valor dos alimentos vai gerar mais recursos para os produtores, que vão investir e gastar na própria cidade", analisa. Cláudio Ferdinandi, diretor presidente do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), disse que a instituição está aberta para fazer parceria e auxiliar em iniciativas que visem o crescimento da região.

O Cesumar já é parceiro da Amusep e desenvolve alguns projetos, entre eles o Objetivos do Milênio, proposto pela Organização das Nações Unidas. Ferdinandi revela que a instituição vai oferecer a estrutura de vários cursos como auxílio para o programa. "Se o poder público não se aliar à iniciativa privada, infelizmente os projetos dificilmente têm êxito ", avalia.

Amarildo Novato, prefeito de Altônia e presidente da Associação dos Municípios de Entre Rios (Amerios) avalia que agregar valor aos produtos significa maior renda para os produtores. "Nossa meta é também alavancar empregos. Queremos trabalhar com o pequeno produtor e pequeno empresário, estabelecer um elo entre os dois segmentos", analisa.

Novato define a necessidade da ação. "Nosso município já desenvolve vários projetos com mel, leite e outros. Essa iniciativa prevê a promoção de maior renda para o agricultor", explica. Paulo Roberto Paraíso, professor do curso de engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), enfatiza a necessidade de identificar as potencialidades da cadeia produtiva de alguns setores e traçar estratégias para agregar valor e tornar a ação possível.

"Temos a matéria-prima, só precisamos transformar e ganhar novos mercados e assim criar pequenas indústrias e incentivar a produção da agricultura familiar", define Paraíso. O vive-prefeito de Umuarama, Nélio Guazeli, disse que Umuarama tem grande potencial agrícola no setor de produção e transformação dos alimentos.

"Mesmo assim temos deficiência na produção de alguns alimentos. Temos que mudar essa realidade", conta. Ele destaca que Umuarama importa 70% do leite que consome. "É uma iniciativa de extrema importância que vai estruturar parte da economia. Com isso pretendemos equilibrar este setor de nossa cidade, e para isso temos que transformar nossa produção. Nosso maior interesse é produzir para o mercado interno", diz o vice-prefeito.

Agronegócio brasileiro

O Brasil possui 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. O agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB). Entre os anos de 1998 e 2003, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,67% ao ano. Em 2005, as vendas externas de produtos agropecuários renderam ao Brasil US$ 36 bilhões, com superávit de US$ 25,8 bilhões.

O Brasil é líder em vários segmentos do setor agrícola. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. Lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro. O país também registrou aumento na produção de algodão e biocombustíveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos vegetais. O agroengócio setor emprega atualmente 17,7 milhões de trabalhadores somente no campo.

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