CI

Preço alto faz europeu aceitar grãos geneticamente modificado

O alto preço dos alimentos e a escassez de área agricultável estão mudando a posição de pesquisadores e governo sobre o uso de OGM na Holanda


O alto preço dos alimentos e a escassez de área agricultável na Europa estão mudando a posição de pesquisadores e governo sobre o uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) na Holanda, segundo país que mais importa produtos brasileiros, depois da China. Em entrevista a veículos de comunicação de diversos países, entre os quais a Gazeta Mercantil, a ministra da Agricultura da Holanda, Gerda Verburg, afirmou que é favorável ao uso de novas tecnologias, o que inclui, segundo ela, biotecnologia. "Muitas companhias usam a biotecnologia e isso resulta em menor uso de pesticidas, por exemplo. Desde 2001, a questão é discutida, mas não de forma profunda. Temos que pôr sobre a mesa os argumentos positivos e os negativos, isolar os riscos, e adotar o lado bom da biotecnologia", afirma.


Além de preservação do meio ambiente, o lado favorável do uso de OGM, para Gerda, pode estar também no desenvolvimento de variedades que contribuam para melhor produtividade e qualidade dos alimentos. "Eu acho que isso pode ajudar a preservar o ambiente, a vida humana e animal. Podemos, por exemplo, desenvolver sementes com mais produtividade de proteína", diz Gerda.

Um dos países mais modernos e liberais da Europa, a agricultura e pecuária holandesas têm no alto custo de produção e na pouca terra disponível inimigos que são combatidos com uso de alta tecnologia e cultivo diferenciado de produtos – sem pesticidas ou produtos para nichos específicos de mercado, como, um tomate com maior teor de açúcar para o público gourmet.

A União Européia permite a importação de alguns grãos transgênicos, como soja, e possui estudos com foco no desenvolvimento de batatas geneticamente modificadas. Produtores ainda parecem resistentes à idéia de plantar sementes transgênicas. Ate-Je OOsterhof, produtor de batatas e cebolas em Leewarden, ao norte de Amsterdan, garante que não adotaria o cultivo de transgênicos em sua propriedade, mesmo que fosse de uma variedade que resultasse em menor uso de pesticidas. "No começo, essa tecnologia até pode proporcionar menor aplicação de químicos, mas depois, as pragas tornam-se resistentes e o problema fica maior. E essa é uma preocupação geral entre os produtores em relação ao uso de transgênicos".

A preocupação com a escassez de alimentos se coloca diante dos pesquisadores europeus assim como a certeza de que a população mundial precisará em um futuro próximo de muito mais comida. "Precisaremos do dobro da área hoje usada pela agricultura em 2050", constata Huub Loffler, pesquisador da Universidade de Wageningen, especializada em ensino e pesquisa em agricultura e alimentação.


Entre as soluções propostas pelo por Loffler está a adoção de OGMs. "Eu acho que há riscos na biotecnologia, mas também benefícios importantes. O cultivo de OGMs está crescendo no mundo e acredito que a Europa, em um período de cinco a dez anos, vai adotar também", diz Loffler.

Além de transgênicos, ele propõe em suas pesquisas outras duas soluções integradas para atender a maior demanda por alimentos. Uma delas é a otimização do uso da biomassa em quatro destinações. "Temos que utilizar a biomassa como fonte de proteína, fibra, matéria-prima para indústria química e para produção de energia", resume Loffler. Ele aponta o uso de algas para produção de biocombustível como outra importante saída para a escassez de áreas. Isso já está sendo feito na Holanda. A companhia Algae Link, uma das pioneiras na tecnologia de cultivo de algas na Holanda, iniciou um projeto-piloto com a KLM Dutch Royal Airlines para desenvolver um bioquerosene à base de algas. De acordo com números da empresa, a produtividade de óleo por hectare de alga é de 120 toneladas por ano, com a possibilidade de ser incrementada com a injeção de mais dióxido de carbono na água.

Repórter viajou a convite do governo da Holanda

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.