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Preço baixo da soja agrava falta de armazém


Os elevados estoques e o início do pico da colheita no Brasil devem pressionar as vendas de soja nas próximas semanas e derrubar ainda mais os preços internacionais do grão. No Brasil, por conta dos preços baixos, tinham sido negociadas para exportação, até janeiro, apenas 1,814 milhão de toneladas, o que representa 3% da safra. Trata-se do mais baixo percentual de comercialização das últimas seis safras, segundo relatório do The Laifa Group, consultoria com sede em Chicago. No ano passado, no mesmo período, o percentual estava em 16% , ou 8,095 milhões de toneladas.

"A expectativa é que os preços caiam ainda mais, passando de US$ 5,30 por bushel para US$ 4,50 entre abril e maio", acredita Álvaro Ancêde, diretor geral do Laifa Group. Para ele, as quebras provocadas pela seca nas safras do Rio Grande do Sul e no oeste do Paraná serão insuficientes para a recuperação dos preços do grão. "Para isso seria necessária uma quebra de 50%, 60%, o que dificilmente ocorrerá", diz. Ele projeta queda na cotação para US$ 4 por bushel no fim do ano.

Na Bolsa de Chicago, a soja vale hoje cerca de metade do que valia em maio e junho do ano passado, quando chegou a bater a marca de US$ 10,60 por bushel. "O produtor perdeu a oportunidade de vender antecipado no período de alta. Vender no ano passado, com a cotação de US$ 8, seria uma alternativa para compensar o aumento dos custos com insumos e melhorar suas margens. Mas a maioria preferiu esperar", diz Ancêde, que participou ontem do III Seminário CBL Soja – Edição Logística, em Curitiba.

Nem mesmo o aumento da demanda da China, que nesse ano deverá comprar 22 milhões de toneladas, contra 16,9 milhões em 2004, promete alterar o atual quadro. "A oferta ainda é muito superior à demanda", diz.

A consultoria projeta uma produção mundial de soja de 229 milhões de toneladas - das quais cerca de 63 milhões produzidas no Brasil - contra um consumo de 176 milhões de toneladas. "A armazenagem sem dúvida vai se transformar em um problema ainda maior para os produtores brasileiros".

A produção de grãos está estimada em 131,9 milhões de toneladas em 2005. O País possui, no entanto, capacidade instalada para armazenar 100,6 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Somente nos três estados do Sul, o déficit é de 12,5 milhões de toneladas. "A capacidade estática deveria ser de entre 10% e 20% maior que a produção", admite Pedro Beskow, secretário de programas especiais da Conab. Atualmente 7% dos cerca de 14 mil armazéns em operação no Brasil estão nas mãos do setor público. A maior parte (69%) pertence à iniciativa privada e os 24% restante às cooperativas.

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