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Preço da arroba do boi é o menor em 11 anos

Os preços pagos ao pecuarista pela arroba do boi são os piores desde que foi implantado o Plano Real


Os preços pagos ao pecuarista pela arroba do boi atualmente são os mais baixos registrados desde 1996, ou seja, os piores desde que foi implantado o Plano Real, conforme comprova o estudo “Indicadores Pecuários” da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP).

Nesta quarta-feira (04-05), o preço pago em São Paulo era de R$ 55 por arroba. Preço pior somente foi pago em junho de 1996, quando o valor da arroba pago ao pecuarista foi de R$ 54,78, considerando preços deflacionados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Se considerarmos a média nacional, a situação é ainda pior, pois o preço médio ontem era de R$ 50 por arroba”, destaca o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira.

O atual cenário compromete a expansão do rebanho e, portanto, a competitividade do Brasil, que há dois anos ocupa a liderança no ranking de exportações de carne bovina. “Na fase de cria a situação é pior, pois com a queda do preço do bezerro na ordem de 10% a 20%, dependendo da praça, foi gerada insatisfação generalizada, inclusive com muitos criadores saindo do mercado, com abate excessivo de matrizes”, diz Nogueira

“Em 2005, a pecuária de corte ingressa no terceiro ano consecutivo de perda de renda, em um longo processo de elevação de custos e queda dos preços pagos ao produtor rural”, diz Nogueira. O estudo da CNA e Cepea mostra que entre janeiro e março o valor pago ao criador de gado caiu 6,71%. No mesmo período, os Custos Operacionais Totais (COT) subiram 0,81%. Em 2004, os preços pagos pelo boi caíram 0,03%; enquanto que os custos operacionais subiram 10,10%. Conforme explica Nogueira, os resultados do crescimento das exportações, da recuperação dos preços internacionais da carne bovina e do aumento do consumo interno não estão sendo repassados ao pecuarista.

Em 1996, quando o preço da arroba do boi estava também estava baixo, o cenário era bastante diferente: o consumo interno per capita era de 30 quilos por ano; o câmbio era de R$ 1,00 por cada dólar e as exportações somavam apenas 150 mil toneladas. Atualmente, o consumo per capita é de 36 quilos, o câmbio está em cerca de R$ 2,50 por dólar e as exportações, no ano passado, atingiram 1,854 milhão de toneladas (dentro do conceito equivalente-carcaça), gerando receitas de US$ 2,457 bilhões. Em 2003, as exportações do segmento somaram 1,3 milhão de toneladas, com receitas de US$ 1,51 bilhão.

Nos quatro primeiros meses deste ano, as exportações de carne bovina somaram 641,2 mil toneladas (26% a mais que as 502 mil toneladas de igual período do ano passado), com receitas de US$ 840 milhões (crescimento de 27,5% sobre os US$ 667 milhões registrados entre janeiro e abril de 2004).

Apesar do desestímulo ao produtor, o Brasil deve ser, em 2005, pela terceira vez o principal exportador de carne bovina, avalia Nogueira, considerando os resultados acumulados em 12 meses. Entre maio de 2004 e abril de 2005, as exportações atingiram 1,993 milhão de toneladas (44% a mais que a marca de 1,383 milhão de toneladas em igual período do ano passado), representando receitas de US$ 2,63 milhões (50,68% a mais que os US$ 1,75 milhões do primeiro quadrimestre de 2004).

Apesar de a pecuária de corte ainda manter o fôlego, em médio prazo a perda de renda registrada junto ao produtor pode comprometer a oferta, alerta Nogueira. Isso ocorre porque o produtor é obrigado a reduzir investimentos e abater matrizes, o que reduz a oferta futura de bezerros. No ano passado, chegou a ser registrado pico de abate de matrizes de 35%, enquanto que o máximo aceitável é de 25%.

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