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Preço da saca de milho cai e traz preocupação em MT

O preço futuro que chegou a R$ 18 já está a R$ 13,50 em algumas regiões


Os produtores mato-grossenses comemoram a supersafra do grão que deve ultrapassar o recorde 13 milhões de toneladas, mas estão preocupados com o escoamento e a comercialização do cereal. Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro, a entidade está novamente enviando um ofício ao Ministério da Agricultura reforçando a necessidade de intervenção nos preços. Antes mesmo da colheita, no início do mês passado, a saca já havia caído R$ 5, sem a pressão da colheita.


O preço futuro do milho que chegou a R$ 18 já está a R$ 13,50 em algumas regiões. “Várias ações da Aprosoja/MT foram feitas desde dezembro do ano passado para alertar a União sobre as consequências da queda de preços. Na semana passada recebemos um ofício dizendo que o Ministério está acompanhando o mercado e que está pronto para intervir no mercado assim que ficar abaixo de R$ 14. Como o limite estabelecido foi ultrapassado, estamos pedindo ajuda e a realização de Contratos de Opção ao milho, até porque o governo federal precisa refazer seus estoques”.

Enquanto o apoio não chega, Fávaro explica que tem recomendado aos produtores o escoamento imediato do grão que está sendo colhido para evitar congestionamentos, especialmente, nos armazéns. “Mesmo que o contrato esteja vencendo em outubro, por exemplo, aconselhamos para que o embarque seja feito o quanto antes. Afinal, mais de 60% da produção, estimada agora em 13,1 milhões de t, foi vendido antes mesmo da colheita.

PEDIDO - O pedido inicial para realização da oferta de Contratos de Opção de Venda, ao Ministério da Agricultura, foi feito ainda em dezembro, quando o segmento apostava numa safra positiva, mas nem de longe tinha a dimensão do que ela poderia se tornar. “A oferta dos contratos depende de uma portaria interministerial: Fazenda, Planejamento e Agricultura. Neste último está tudo certo, é na Fazenda que emperra. Precisamos convencê-los dessa necessidade”, frisa Fávaro.

No começo de abril, quando o Diário relatou com exclusividade a necessidade da intervenção, Fávaro dizia que o limite para os contratos serem ofertados era o começo de maio, “porque depois disso a pressão sobre as cotações poderia prejudicar mais o produtor e o mercado de modo geral”, e ele tinha razão. “Perdemos R$ 5 sem colher nada, imagine agora com esses números recordes e que podem ficar ainda maiores!”, indaga.

Na trajetória de preços da saca, Fávaro narra que a saca que chegou a R$ 21 passou a R$ 18, R$ 16 e R$ 15 até atuais R$ 13,50. “Como para esta safra havia previsão de clima e com a antecipação do plantio e colheita de soja, o produtor investiu no milho, adubou, comprou sementes de primeira linha e por isso a saca está com um custo médio de cerca de R$ 12 no Estado, se chegar a R$ 10, no mercado, nem preciso falar o que vai acontecer”.


CONTRATOS - Como define a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Contrato de Opção é uma modalidade de seguro de preços que dá ao produtor rural e/ou sua cooperativa o direito - mas não a obrigação - de vender seu produto ao governo, numa data futura, a um preço previamente fixado. Serve para proteger o produtor rural e/ou sua cooperativa contra os riscos de queda nos preços.

No caso de Mato Grosso, cuja infraestrutura é precária, a superprodução pode trazer à tona o temor dos produtores em relação ao milho: a estocagem do cereal a céu aberto, por falta de armazéns e espaços disponíveis, situação repetida várias vezes ao longo das últimas safras.

Fávaro destaca que o Contrato de Opção é um instrumento estratégico de salvaguardar preços e garantir estoques públicos, sem que o governo federal tenha de desembolsar grande volume de recursos. “Quando são compras emergenciais e leilões, o governo gasta muito mais e se demorar para sair esta portaria restará à União optar pelos mecanismos mais caros”, destaca Fávaro.

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