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Preço da soja assusta produtores paranaenses


Os baixos preços do mercado da soja dominaram as conversas entre os produtores que participaram ontem de um dia de campo sobre culturas de verão, em Rolândia (25 km a oeste de Londrina), no Paraná. No ano passado, o grão teve um comportamento de preços muito acima dos bons preços já registrados no Estado.

De acordo com o técnico Otmar Hubner, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), em março de 2004, o preço médio do grão foi de R$ 48,48; alguns produtores conseguiram vender a saca por R$ 52,22. Agora, a média do mês de janeiro está em R$ 27,65. Entre os produtores, há o temor de que, se não houver uma reação no preço do grão, muitos não terão como pagar as despesas de custeio.

O evento, que se encerra hoje, foi promovido pela Cooperativa Agroindustrial de Rolândia (Corol), com o objetivo de mostrar as novidades e lançamentos para as culturas de soja, milho e algodão, além de outras opções de diversificação, como fruticultura e plantas medicinais. Cerca de dois mil produtores vindos de 33 cidades do Norte do Paraná e interior de São Paulo participam do evento.

O produtor Hermenegildo Prete, de Rolândia, tem 290 hectares divididos entre as culturas de soja e milho e se mostra preocupado com os preços apresentados pelo mercado de grãos. Ele já contabiliza um prejuízo de R$ 80 mil com a cultura do trigo, boa parte ainda não vendida, e se mostra descontente com a falta de apoio do governo federal. No caso do trigo se recebêssemos o preço mínimo, ao menos cobriríamos o custo de produção.

Prete cita ainda as regras de distribuição das AGFs (Aquisições pelo Governo Federal) que, segundo ele, determinaram o pagamento de apenas 800 sacas por produtor e, até agora, foram pagos apenas parte do valor. Ele fala também do baixo preço do milho que, na opinião do produtor, acaba por inviabilizar a orientação de técnicos para a rotação de culturas. Ainda não sei se compensa plantar a safrinha, diz.

O agricultor vive de esperança, ameniza o produtor Tomio Kuroda, de São Sebastião da Amoreira. Ele prefere responsabilizar apenas a Bolsa de Chicago pelos US$ 10 pagos pela saca da soja atualmente. O produtor aposta numa boa produtividade para empatar com o que foi investido na área de 20 hectares do grão. Kuroda aconselha investir na diversificação. Não dá para sobreviver com apenas uma cultura. Além de grãos, ele possui áreas de produção de mandioca, para venda in natura, e gado de corte.

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) trouxe demonstrações de café, plantas medicinais e algodão. O pesquisador Wilson Paes de Almeida destacou o trabalho da entidade para a retomada do plantio de algodão no Estado. O instituto possui três cultivares já disponíveis no mercado (IPR 95, IPR 96 e IPR 120). Além delas, foram apresentadas mais duas linhagens que devem ser lançadas no ano que vem.

As cultivares, segundo Almeida, trazem vantagens quanto a resistência a doenças, percentagem e qualidade de fibras e ainda como opção para colheita mecanizável. O pesquisador destacou que a tecnologia disponível permite o desenvolvimento da cultura com segurança. O Iapar desenvolveu medidas que permitem ao produtor agir no tempo certo com a melhor relação custo-benefício, garante.

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