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Preço do arroz teve alta média de 2%

Os aumentos de preços do arroz permanecem relativamente moderados em comparação com os preços de outras commodities agrícolas e energéticas


Foto: Pixabay

Em março, os preços mundiais do arroz tiveram uma alta média de 2%, motivados pelo aumento dos preços do arroz quebrado. A guerra na Ucrânia, que afeta os mercados de grãos, leva os importadores de milho e trigo a procurar arroz quebrado para ração animal. Este é o caso da China, o maior mercado do mundo para ração animal. A demanda por arroz quebrado também tende a aumentar nos mercados domésticos nos países exportadores asiáticos, como na Tailândia, deixando pouco espaço para a demanda externa.

No entanto, os aumentos de preços do arroz permanecem relativamente moderados em comparação com os preços de outras commodities agrícolas e energéticas. Isto inclui as altas nos preços de insumos e fretes marítimos, já fortemente impactados pela pandemia de Covid-19. Entre os fatores no aumento moderado dos preços do arroz está a chegada gradual da segunda safra na Ásia, que parece ser promissora graças às boas condições climáticas. As perspectivas de produção em 2022 são boas, principalmente nos grandes produtores asiáticos que poderiam ser menos afetados pelo aumento dos custos nos insumos. Em contraste, os países africanos poderiam ser atingidos por um duplo golpe: alto custo nas importações e insumos para a produção local.

Em março, o índice OSIRIZ/InfoRice (IPO) subiu 3,4 pontos para 193,7 pontos (base 100=Janeiro de 2000) contra 190,3 pontos em fevereiro. No início de abril, o índice IPO mantivesse estável em torno de 196 pontos em função à forte demanda de importação para repor os estoques. 

Produção mundial

Segundo estimativas da FAO, a produção mundial do arroz em 2021 aumentou 0,7% para 783,6 Mt (520,3 Mt base beneficiado) contra 778,6 Mt em 2020. A produção asiática aumentou graças a uma safra recorde na Índia. A produção melhorou também na China, Tailândia e Vietnã. Em contraste, nos Estados Unidos, a produção caiu 10% em 2021 como resultado da redução das áreas plantadas, substituída por culturas mais lucrativas (milho e soja). No Mercosul, a produção no Brasil melhorou em 4,5%, mas poderia cair de 12% em 2022. Na África subsaariana, a produção de arroz foi novamente afetada pelas
más condições climáticas, especialmente na África Ocidental. Em Madagascar, também, estima-se que a produção tenha diminuído 3,5% em 2021. 

Comércio e estoques mundiais

Em 2021, o comércio mundial do arroz aumentou significativamente em 13% para 51,4 Mt contra 45,6 Mt em 2020. Este é o maior aumento desde 2017. As necessidades de importação aumentaram 10% no sul da Ásia, especialmente no Bangladesh. As importações chinesas também aumentaram, bem como na África subsaariana onde se observou uma forte recuperação das importações, especialmente na Nigéria, com a reabertura de suas fronteiras terrestres no final de 2020, na Costa do Marfim e no Senegal. Em 2021, a Índia bateu todos os recordes de exportação para 21,4 Mt, melhorando de 48% seu recorde anterior em 2020, e respondendo por 42% do comércio mundial. A Tailândia, apesar de um forte aumento nas vendas externas no segundo semestre do ano, permanece na terceira posição atrás do Vietnã, cujas vendas aumentaram em 5,5% em 2021. Em 2022, as primeiras projeções indicam um aumento adicional no comércio mundial, mas de apenas 3,8% para 53,4 Mt.

Os estoques mundiais de arroz no final de 2021 teriam aumentado em 2,1% para 190,4 Mt contra 186,4 Mt em 2020, representando 37% das necessidades mundiais e acima da média dos últimos cinco anos. Este aumento deve-se principalmente ao incremento dos estoques indianos graças às boas safras em 2021. Por outro lado, os estoques chineses ficaram em queda de 0,5%, mas ainda são significativos, equivalentes a 70% do consumo anual e 55% dos estoques mundiais. Os estoques nos principais países exportadores aumentaram novamente em 2020/21 em 5% para 52,5 Mt, equivalentes a 28% dos estoques mundiais. Em 2022, os estoques poderiam aumentar em 1,2% para 192,7 Mt.

Na Índia, os preços do arroz permanecem estáveis, o que é um bom sinal do principal exportador mundial, que atingiu um recorde de vendas em 2021, representando 42% das exportações mundiais. A Índia também atende a forte demanda externa por arroz quebrado para ração animal. Além disso, a demanda doméstica por arroz poderia aumentar se os consumidores reduzissem o consumo de trigo devido ao forte aumento dos preços. A Índia é o segundo maior consumidor de trigo depois da China. Portanto, os preços do arroz indiano poderiam subir no segundo semestre do ano. Em março, o arroz indiano 5% estava estável em $ 345/t Fob. O arroz indiano 25% também permaneceu estável a $ 325. No início de abril, os preços tendiam a enfraquecer por causa do aumento da oferta interna com a chegada da segunda safra.

Na Tailândia, os preços subiram apenas 1%, exceto o arroz quebrado que aumentou 6% em um mês e atinge na mesma cotação que o Tai 25%. A demanda doméstica por arroz quebrado para ração animal também está aumentando, deixando pouco espaço para atender a demanda externa. O mercado de exportação está bastante ativo e os exportadores tailandeses esperam aumentar as vendas externas para 8 Mt em 2022. Em março, o preço do arroz tailandês 100%B (menos de 5% quebrado) alcançou $ 419 contra $ 415 em fevereiro. O arroz parboilizado também subiu para $ 414 contra $ 409. O quebrado A1 Super subiu para $ 403 contra $ 381. No início de abril, os preços permaneciam firmes.

No Vietnã, os preços de exportação tiveram uma alta de 5% devido à forte demanda da China e das Filipinas, seus principais clientes. Em 2022, as exportações vietnamitas poderiam permanecer estáveis em torno de 6,5 Mt. A estratégia comercial do Vietnã consiste em fortalecer seus mercados asiáticos, que já respondem por mais de três quartos das vendas externas, e consolidar as exportações para a União Europeia, no âmbito do acordo de livre comércio, e com uma perspectiva global de exportar menos em volume, mas faturar mais em valor melhorando da qualidade do arroz exportado. Em março, o Viet 5% foi negociado a $ 418 contra $ 399 em fevereiro. O Viet25% também subiu para $ 393 contra $ 378. No início de abril, os preços permaneciam firmes.

No Paquistão, os preços do arroz diminuíram em média 1% e continuam na linha dos preços indianos. Em contraste, o arroz quebrado paquistanês aumentou 10% devido à forte demanda chinesa, superando ainda o preço do Pak 25%. Em março, Pak 25% foi negociado a $ 326 contra $ 329 em fevereiro, enquanto o arroz quebrado paquistanês subiu para $ 348 no final de março contra $ 323 um mês antes. No início de abril, os preços permaneciam fracos.

Na China, a atualidade foi dominada pela forte demanda de importação de arroz quebrado para ração animal, substituindo o milho e o trigo cujos preços dispararam após a guerra na Ucrânia. As importações de arroz quebrado da China, inicialmente previstas em 2 Mt, poderiam chegar a 3 Mt em 2022, principalmente originadas da Índia, Paquistão e Birmânia. Nos Estados Unidos, os preços do arroz subiram 2,3% dentro de um mercado pouco ativo. A oferta exportável tende a diminuir com as perspectivas de queda na produção devido as altas de preços nos mercados mundiais de grãos e oleaginosas, o que poderia limitar novamente as áreas arrozeiras em 2022. Em março, as exportações atingiram 230.000 t contra 300.000 t em fevereiro. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 subiu para $ 620/t contra $ 606 em fevereiro. No início de abril, o preço ainda estava firme, subindo acentuadamente para $ 655. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz paddy subiram 5%, para $ 353/t contra $ 336 em fevereiro.

No início de abril, os preços estavam estáveis em torno de $ 350. No Mercosul, os mercados de exportação continuam ativos e os preços de exportação marcam uma alta de 5% em relação a fevereiro. As exportações brasileiras aumentaram 150% em comparação ao ano anterior na mesma época. Também no Uruguai, as exportações aumentaram 50% em relação a 2021. O preço indicativo do arroz paddy brasileiro aumentou 12% para $ 305/t contra 273 $ em fevereiro. No início de abril, o preço estava firme em torno $ 324.

Na África subsaariana, a produção de 2021/2022 caiu 1%. As principais regiões produtoras de arroz foram afetadas por secas, ou enchentes em alguns lugares, durante o período vegetativo. A insegurança e a falta de fertilizantes também limitaram as colheitas. O conflito na Ucrânia, que perturba os mercados mundiais de commodities, pode ter um impacto nos países africanos tanto em termos de condições de abastecimento em arroz importado quanto aos custos de fertilizantes para as próximas safras.

INFOARROZ.

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