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Preço do café sobe mais no mercado interno


Cafeicultores retêm estoques na expectativa de as cotações aumentarem ainda mais. A estratégia não é nova. Deixar café armazenado até que os preços melhorem, negociando apenas o necessário para cumprir os vencimentos de curto prazo é uma tática que os cafeicultores adotam há anos. O que chama atenção, é que os resultados estão sendo muito mais atraentes do que em períodos anteriores.

Em janeiro, a valorização dos preços do café no mercado interno superaram a alta que as cotações da commodity registraram na Coffee, Sugar and Cocoa Exchange (CSCE), bolsa formadora dos preços internacionais do grão. No mês passado, o preço médio do café no mercado interno, segundo o índice da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós (Esalq), registrou alta de 47,1% em comparação com o mesmo mês do ano passado. O índice Cepea/Esalq passou de R$ 193,24 para R$ 284,40 por saca.

Também em sentido ascendente, porém, em ritmo mais lento, os preços médios do café em Nova York tiveram valorização de 39,9%, passando de US$ 74,19 para US$ 103,80 por saca. Em reais, no entanto, a diferença cresce ainda mais. Os preços da bolsa americana convertidos para a moeda brasileira foram de R$ 211,58 por saca em janeiro de 2004 para R$ 279,54 por saca no mês passado, o que indica valorização de apenas 32,1%.

A maior valorização dos preços no mercado interno mostra a resistência dos produtores em vender café, segundo Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes. "Como embarcamos um bom volume em janeiro, em plena entressafra, os exportadores tiveram que pagar um pouco mais para poder cumprir os contratos assumidos, fazendo os preços no mercado interno sofrerem uma valorização", diz Carvalhaes.

O resultado dos volumes exportados no mês de janeiro surpreendeu todo o mercado. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em plena entressafra, o Brasil enviou para o mercado externo em janeiro 2,19 milhões de sacas, volume 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 1,82 milhões de sacas.

"Para fevereiro, o volume de exportação deverá se manter elevado, para só em março os embarques voltarem ao ritmo normal", afirma Sérgio Wanderley, diretor de café da Marcelino Martins. Apesar dos resultados otimistas, as previsões para os embarques deste ano são de retração. A expectativa do Cecafé é que o volume exportado recue 13%, para 23 milhões de sacas em 2005.

Diferencial de preço

Mas não é só o aumento da procura pelo café por parte dos exportadores que tem feito o crescimento interno superar o externo. Segundo Wanderley, o diferencial de preços do café brasileiro em relação às cotações de Nova York diminuiu. "Durante os últimos dois anos, os preços do café nacional eram negociados com um deságio de US$ 0,20 por libra, o que era fora da base histórica", explica Wanderley, lembrando que, nesse período, a oferta brasileira de café havia crescido.

Atualmente, a base de formação de preços para o café brasileiro está apenas entre US$ 0,12 e US$ 0,13 por libra-peso, 35% mais elevado do que o observado anteriormente. "Esse sempre foi nosso patamar histórico e estamos voltando a ele, com a disponibilidade de produto menor para a próxima safra", afirma Wanderley.

Segundo o consultor Luiz Moricochi, a conjuntura de escassez de oferta fará com que chegue a um ponto em que o produtor irá impor suas estratégias. "Pode ser que vejamos novamente o que aconteceu em 1997, quando os preços internos superaram os externos, já que a demanda por café para consumo doméstico é muito grande", afirma Moricochi.

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