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Preço do feijão tem escalada de aumento

As causas dessa supervalorização são muitas, mas eram previsíveis desde a colheita da 2ª safra, em maio


O preço do feijão iniciou, em agosto, uma escalada de aumentos, subiu de 60 reais para 70 reais a saca de 60 quilos e, na semana passada, supera a casa dos 100 reais. As causas dessa supervalorização são muitas, mas eram previsíveis desde a colheita da 2ª safra, em maio, quando os baixos preços desestimularam os produtores de feijão de 3ª safra, plantada sob pivô central.

O presidente da Comissão de Grãos, Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás, Alécio Maróstica, explica que muitos produtores optaram por outras culturas e cita como exemplo Cristalina, onde aproximadamente 15 mil hectares que tradicionalmente eram cultivados com feijão foram direcionados para o trigo. No município, este ano, foram plantados aproximadamente 12 mil hectares de 3ª safra e, em todo o Estado, aproximadamente 40 mil hectares. “No ano passado, apenas em Cristalina foram plantados 25 mil hectares e 60 mil em todo o Estado”, compara.

Em outros municípios goianos tradicionalmente produtores, como Vianópolis, Silvânia, Campo Alegre e Ipameri, plantou-se muito milho e trigo, culturas que apresentam menos riscos e que também passam por fase de valorização, já que os estoques mundiais estão escassos.

Com preços tão elevados em pleno pico da colheita é de se esperar que a cotação do produto continue sendo submetida à pressão de alta, principalmente quando todo o feijão estiver colhido, no início de outubro. Para se ter uma idéia da variação no preço do feijão em relação ao ano passado, basta dizer que na primeira quinzena de setembro de 2006 o preço variava de 42 reais a 43 reais. Hoje, dependendo do tipo, custa até 105 reais a saca.

Até onde vai o preço do feijão só o consumidor poderá dizer, pois, com o atraso no plantio, a próxima safra só entra no mercado em três meses. Com o produto escasso, caso o nível de consumo não seja reduzido, o feijão só tende a subir. Difícil é substituir prato tão tradicional na mesa dos brasileiros. Para complicar mais, não há boas opções para importação, garante Alécio Maróstica. A Argentina, por exemplo, prioriza o cultivo de outros produtos, como o trigo.

Clima:

Não bastasse a retração da área plantada em Goiás, o clima não colaborou com a cultura no Estado do Paraná, outro grande produtor, que, há 60 dias sem chuvas, ainda nem iniciou o plantio, tradicionalmente realizado no início da 2ª quinzena de agosto. “Com isso, o feijão sumiu do mercado. Em São Paulo, o feijão cedeu espaço à cana-de-açúcar e tão cedo não o terá de volta”, diz Alécio Maróstica.

Com o aumento das opções de cultura remuneradoras, o feijão tende a ser deixado de lado, por apresentar maiores riscos. A ocorrência de chuvas na colheita, por exemplo, pode acarretar perdas severas. Embora se possa pensar que quem plantou feijão se deu bem, Alécio garante que não foi tanto assim. Desestimulados com uma 2ª safra desfavorável, muitos produtores deixaram de investir em tecnologia e obtiveram baixa produtividade.

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