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Preço do gado cai 6% no Rio Grande do Sul

Alternativa para elevar ganhos na pecuária seria negociação com grandes compradores internacionais


A pecuária gaúcha encerrou o primeiro trimestre de 2005 no vermelho, assim como o restante do setor no país. Conforme o estudo "Indicadores pecuários", da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), divulgado ontem, a queda de preço ao produtor no RS foi de 6% de janeiro a março.

O preço médio do quilo vivo é calculado em R$ 1,70. Mas, se forem considerados os dados da Emater, a situação é ainda pior, pois a média não passa de R$ 1,60. Já o custo de produção no período cresceu 0,78%, diz levantamento da CNA. Segundo cálculos da Farsul, o custo do quilo do novilho no Rio Grande do Sul é estimado em R$ 1,90.

O assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da CNA, Paulo Sérgio Mustefaga, lembra que o resultado soma-se ao desempenho negativo de 2004, quando o preço caiu 5% e o custou subiu 5%. O cenário compromete a produção. A pesquisa divulgada pela CNA/Cepea mostra uma queda nacional de 6,71%.

No mesmo período, os custos operacionais subiram 0,81%. "O Brasil vive um paradoxo. A liderança nas exportações não está resultando em aumento de renda ao produtor". Mustefaga explica que o crescimento de consumo interno não tem acompanhando a elevação da produtividade, nem as exportações têm sido suficientes para absorver a oferta.

A CNA alerta que muitos estão abandonando a atividade. A concentração da indústria frigorífica e o abate irregular agravam a crise. Para o diretor da Farsul e consultor de pecuária do Senar, Fernando Adauto, a solução está na abertura de mercados externos mais rentáveis e na redução da tributação imposta pela União Européia (UE). "É preciso abrir mercados como o norte-americano, que importou 1,6 milhão de toneladas em 2004 e negociar as taxas e as cotas para a Europa."

Segundo a CNA, a taxa média para exportações para a União Européia chega a 160%. Mustefaga reclama que os mercados atendidos pelo Brasil, a exemplo do Chile e da Rússia, pagam preços baixos e que é preciso penetrar em nações com tradição compradora como Estados Unidos e Japão.

Contudo, negociar embarques para esses mercados depende de acordos sanitários. Até abril, as exportações de carne bovina somaram 641,2 mil toneladas, 26% a mais que no mesmo período do ano de 2004. Apesar do desestímulo, o Brasil deve ser, em 2005, pela terceira vez o principal exportador, avalia Antenor Nogueira, presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA.

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