Os preços do milho estão em patamares próximos ao custo de produção no Centro-Oeste. Embora o país esteja em plena entressafra – com cerca de 90% do plantio concluído – as cotações estão em queda livre. No centro e norte do Mato Grosso, a saca está cotada a R$ 7,50. No sul do país, a situação não é diferente. Em média, no ano, o valor do commodity recuou 16,5%.
Em Rondonópolis(MT), a saca é cotada a R$ 11,20, para o custo de R$ 11,10. Longe dos portos e dos centros consumidores, a região que responde por 21,9% da produção nacional, tem deságio em relação ao Sul. No Paraná, o grão é vendido a R$ 14,50 a saca para um custo de produção de R$ 12,90. Em Abril, comprava-se milho a R$ 24,50 a saca. O estado é o maior produtor do grão. “O agricultor está vendendo para fazer caixa e pagar seus compromissos”, afirma Daniel Dias, analista da FNP Consultoria.
Há um ano, o grão era comercializado a R$ 11,40 em Mato Grosso e R$ 15,10 no Paraná. Segundo Carlos Godo, da Godo Consultoria, o preço vai cair mais por que em breve começa a colheita de verão e os armazéns precisarão ser desocupados. “Os agricultores vão precisar desovar a produção”, diz Benedito de Oliveira, da AgRural Commodities Agrícolas.
A queda dos preços internacionais e uma safrinha recorde no Brasil provocaram a redução dos preços internos. Estima-se a que 45% da safrinha 2003/04 esteja nas mãos dos produtores. No cenário internacional, a supersafra americana fez com que os preços caíssem 40% desde abril.
Mas, segundo Dias, as perspectivas são otimistas para o primeiro semestre de 2005. Isso porque o estoque de passagem será menor que o previsto e haverá redução na primeira e segunda safra. Na avaliação dele, a tendência é de que o desempenho do mercado interno se “descole” do internacional.