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Preços altos podem atrapalhar política de formação de estoques públicos de grãos

Para Rogério Colombini, a aquisição de produtos agrícolas em momento de preços elevados pode provocar um aumento ainda maior


Os altos preços dos alimentos podem prejudicar a proposta do governo de alcançar os 6 milhões de toneladas de grãos nos estoques públicos em 2009. Isso porque a aquisição de produtos agrícolas em momento de preços elevados pode provocar um aumento ainda maior. A avaliação é do diretor de Gestão de Estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rogério Colombini.


“Não podemos sair estimulando a alta dos preços dos alimentos em nível de atacado, porque isso se reflete na conta do consumidor. Então, temos que ter uma estratégia capaz de adquirir e dar sustentação aos produtos diretamente do agricultor, e não interferir de uma forma excessiva, com risco de afetar o consumidor final”, afirmou Colombini.

O diretor explica que o objetivo do governo, ao formar estoques, é “proteger o produtor para que ele tenha um incentivo maior para aumentar a sua produção agrícola”, mas também, e principalmente, “defender os consumidores contra altas excessivas dos produtos agrícolas”.

Hoje, os estoques públicos contam com menos de 1,5 milhão de toneladas de grãos, compostos em mais de 80% por arroz. Para o próximo ano, a proposta é ter 4,1 milhões de toneladas de milho, 1,6 milhão de arroz, 200 mil de trigo e 100 mil de feijão.

Colombini diz que o governo não terá problemas para gerenciar novos estoques: “Temos os armazéns do próprio governo e uma rede de estocadores que prestam serviços ao governo estocando esses produtos, como é o caso do arroz no Rio Grande do Sul. Há uma capacidade estática no Brasil de estocar até 130 milhões de toneladas de grãos”.

Apesar de a produção da safra atual estar estimada em mais de 143 milhões de toneladas, as épocas diferentes de colheita das várias culturas agrícolas e a rapidez de escoamento de algumas delas fazem com que sobre espaço de armazenagem.

Em relação à projeção do governo de dobrar a produção em 10 anos, Colombini afirma que “já estão sendo construídos novos silos graneleiros para estocagem de grãos”. Ele disse, inclusive, que o governo já tem um plano para cinco novos complexos armazenadores distribuídos em estados estratégicos, cada um com capacidade para 50 mil toneladas, para regular o preço de mercado.


A melhor forma de compor estoques, sem afetar os consumidores, segundo o diretor da Conab, é comprar aos poucos, observando a época de colheita de cada grão e os estados que oferecem os menores preços. Alguns produtos, inclusive, já começarão a ser adquiridos pelo governo.

“Agora, por exemplo, é uma boa época para adquirirmos o milho do Mato Grosso, que está sendo colhido, e, possivelmente, vamos comprar no mercado a partir do dia 20 de agosto. Outro produto que, com certeza, iremos ao mercado comprar e fazer estoques é o feijão terceira safra, que começa a ser colhido agora, principalmente no Paraná”, afirmou.

No passado, a política de governo brasileira era de garantir que tudo produzido pelo agricultor fosse comprado. Assim, os estoques públicos eram volumosos. Com a evolução do mercado, optou-se pela redução dos estoques e o lançamento de programas de sustentação de preços. Agora, com o aumento dos custos de produção, influenciados principalmente pelo preço do petróleo e dos insumos agrícolas, volta-se a estocar em quantidades maiores.

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